Bolsonaro quebra o silêncio. "Irei sempre cumprir a Constituição"

Passadas quase 48 horas desde a divulgação dos resultados, surgiu então a declaração de Bolsonaro, numa declaração curta, sem direito a respostas, feita ao início da noite desta terça-feira no Palácio da Alvorada, em Brasília. Supremo Tribunal Federal reconhece importância do discurso do presidente cessante.
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"Os nossos sonhos seguem mais vivos do que nunca". Foi assim que Jair Bolsonaro reagiu à eleição de domingo, quase 48 horas horas depois de serem conhecidos os resultados da eleição que ditou a sua derrota.

Apesar de nunca, na curta declaração que fez, ter congratulado Lula da Silva, vencedor, Jair Bolsonaro agradeceu os votos que lhe foram confiados por "milhões de pessoas" e deixou claro: "Enquanto presidente e cidadão irei sempre cumprir os mandamentos da Constituição."

Depois da eleição de domingo, inúmeros protestos surgiram por todo o país. Sobre isto, Bolsonaro pediu "manifestações pacíficas, não violentas", diferentes dos "métodos da esquerda". "Os protestos são resultados de uma indignação sobre como o processo eleitoral foi conduzido", afirmou.

Relembrando que, durante o mandato, viveu uma pandemia e agora a guerra na Ucrânia, o ainda presidente brasileiro afirmou que "ao contrário dos opositores", sempre jogou "dentro das quatro linhas democráticas e da Constituição". "É uma honra ser o líder de milhões de brasileiros", concluiu sem permitir quaisquer perguntas aos jornalistas presentes no Palácio da Alvorada.

No rescaldo, o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu a importância do discurso. "O Supremo Tribunal Federal consigna a importância do pronunciamento do Presidente da República em garantir o direito de ir e vir em relação aos bloqueios e, ao determinar o início da transição, reconhecer o resultado final das eleições", indicou, numa nota, o STF.

No final da declaração, o ministro da Casa Civil de Bolsonaro confirmou que a transição segue agora de forma normal.

"O presidente Jair Bolsonaro me autorizou. Quando for provocado, com base na lei, nós iniciaremos o processo de transição", disse Ciro Nogueira, no Palácio da Alvorada, depois de Jair Bolsonaro ter falado.

"A presidente do PT [Partido dos Trabalhadores], segundo ela em nome do presidente Lula, disse que na quinta-feira será formalizado o nome do vice-presidente Geraldo Alckmin. Aguardaremos que isso seja formalizado para cumprir a lei do nosso país", concluiu Ciro Nogueira.

O ainda presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, quebrou, assim, o silêncio depois da derrota na noite eleitoral de domingo (30 de outubro), que ditou a vitória de Lula da Silva. O candidato do PT voltou a ser eleito presidente do Brasil por uma curta margem, conseguindo 50,9% dos votos, contra 49,1% de Jair Bolsonaro. A tomada de posse do presidente eleito está marcada para 1 de janeiro 2023.

Desde que Lula da Silva foi confirmado vencedor das eleições de domingo que era esperada uma reação do candidato derrotado, mas Bolsonaro remeteu-se ao silêncio, depois de, durante a campanha, ter lançado a dúvida sobre alegadas fraudes eleitorais e sobre a possibilidade de não aceitar os resultados.​​​​​

Não há mesmo indicação que tenha felicitado Lula da Silva pela vitória, como normalmente acontece. Pelo menos na noite eleitoral não telefonou ao candidato do PT. "Em qualquer lugar do mundo, o presidente derrotado já teria ligado e reconhecido a vitória", disse Lula da Silva durante o discurso de vitória no domingo. "Até agora ainda não ligou, nem reconheceu a derrota. Não sei se vai ligar ou se vai reconhecer", acrescentou.

Na sequência da derrota de Jair Bolsonaro, manifestantes e camionistas que apoiam o ainda presidente brasileiro bloquearam várias estradas do país. O último balanço da Polícia Rodoviária Federal, feito perto das 16:00 locais (19:00 em Lisboa) indicava que tinham sido desobstruídas 306 estradas.

Um destes bloqueios aconteceu na estrada que liga ao Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, o que motivou o cancelamento de vários voos durante esta terça-feira.

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