Azerbaijão emite 300 mandados internacionais de busca e captura

Entre os procurados estão o ex-presidente da autoproclamada República de Nagorno-Karabakh, Arayik Harutyunyan, e o ex-ministro da Defesa Dzhal Harutyunyan, acusados de ordenar ataques com mísseis que causaram numerosas vítimas entre a população civil azeri durante a guerra de 2020.
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O Azerbaijão emitiu este domingo mandados de busca e captura internacional a mais de 300 arménios acusados de crimes cometidos desde o início do conflito em Nagorno-Karabakh, há mais de 30 anos, anunciou o procurador-geral, Kamran Aliyev.

"Reunimos provas de todos estes crimes. Foram invocadas 300 causas penais, e contra mais de 300 acusados foragidos foram emitidos mandados de busca e captura internacional", disse o procurador-geral da República do Azerbaijão, citado pela agência EFE.

De acordo com Aliyev, os procuradores agruparam os delitos de acordo com o período em que foram cometidos: os da primeira guerra do Karabakh (1988-1994), os do cessar-fogo (1994-2020), os da segunda guerra do Karabakh (2020) e os depois dela.

Entre os procurados pela justiça azeri estão o ex-presidente da autoproclamada República de Nagorno-Karabakh, Arayik Harutyunyan, e o ex-ministro da Defesa Dzhal Harutyunyan, acusados de ordenar ataques com mísseis que causaram numerosas vítimas entre a população civil azeri durante a guerra de 2020.

Na quinta-feira, quando a autoproclamada República de Nagorno-Karabakh (Artsakh, para os arménios étnicos) anunciou a sua dissolução depois de capitular perante as autoridades de Baku, foram detidos quatro antigos titulares de altos cargos, o último dos quais o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros David Baboyan.

Também foram detidos o ex-primeiro-ministro Ruben Vardaryan, e dois altos chefes das forças armadas, David Manukian e Levon Mnatsakanyan.

Após a operação militar azeri ocorrida na semana passada, que levou à capitulação da autoproclamada república separatista de Nagorno-Karabakh, mais de 100 mil pessoas de origem arménia que moravam nesta região deixaram o enclave em direção à Arménia.

Uma missão da ONU chegou a Nagorno-Karabakh para avaliar a situação humanitária neste território, após a fuga na semana passada de mais de 100 mil arménios do enclave, que pertence ao Azerbaijão, informou este domingo a Presidência azeri.

A missão chegou ao enclave em seis veículos da ONU pela rodovia Agdam-Askeran, segundo imagens de vídeo divulgadas pela agência de notícias local APA.

Na sexta-feira, o porta-voz do secretariado-geral da ONU, Stéphane Dujarric, anunciou que havia sido alcançado um acordo com o Governo do Azerbaijão para enviar uma missão a Nagorno-Karabakh neste fim de semana.

Segundo Dujarric, a missão seria liderada por Ramesh Rajasingham, alto funcionário do Gabinete de Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) e pelo coordenador residente da ONU no Azerbaijão, Vladanka Andreeva.

Após a operação militar azeri ocorrida na semana passada, que levou à capitulação da autoproclamada república separatista de Nagorno-Karabakh, mais de 100 mil pessoas de origem arménia que moravam nesta região deixaram o enclave em direção à Arménia.

O Papa Francisco fez este domingo um apelo ao Azerbaijão e à Arménia para que cheguem a um acordo para pôr fim à crise humanitária na região do Nagorno-Karabakh, durante o Ângelus, na Praça de São Pedro.

"Segui, por estes dias, a dramática situação dos exilados de Nagorno-Karabakh. Uma vez mais, faço um apelo ao diálogo entre o Azerbaijão e a Arménia, com a esperança de que as conversações entre as partes, com o apoio da comunidade internacional, propiciem um acordo duradouro que ponha fim à crise humanitária", disse Francisco num novo apelo face à crise, citado pela agência EFE.

Depois da operação militar azeri da semana passada, que levou à capitulação da autoproclamada república de Nagorno-Karabakh, o enclave ficou praticamente esvaziado de população, com mais de 100 mil arménios a fugirem para a Arménia.

O Governo da Arménia denunciou que o Azerbaijão está a levar a cabo uma "limpeza étnica", ao que Baku replicou que não forçou os arménios a sair do território, mas insiste que os que ficarem em Nagorno-Karabakh devem acatar a legislação azeri, com os seus direitos e obrigações.

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