House of Peacock: Trocar as leis por um negócio de design

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São o primeiro filho de uma nova

família. As carteiras da House of Peacock, feitas de tecidos

comprados pelo mundo fora e em edições limitadas, são o produto de

lançamento e hoje estrela da marca criada em 2013 por Inês

Henriques Diaz, 36 anos. Depois de sete como advogada, ligada à área

corporate - uma profissão que "pode parecer muito cinzenta e

séria" mas de que gostava muito - e de vários anos a trabalhar

em planeamento fiscal e internacional na Deloitte, no Luxemburgo,

Inês voltou a Portugal quando o marido recebeu uma proposta para

trabalhar no país.

Nos primeiros meses andou a pensar no que queria

fazer. Em vez de procurar trabalho na sua área, decidiu arriscar. A

conjuntura era perfeita: regressava sem emprego e com vontade de

passar mais tempo com os três filhos pequenos.

"Claro que lançar uma marca num país

onde há dinheiro ajuda. Eu tive de fazer um ajuste: vivia num país

com o PIB mais alto da Europa, onde as pessoas têm grande poder de

compra. Lancei uma marca que vende um produto que é um bem de luxo,

em plena crise e comecei num país que vive essa crise de maneira

diária, muito quotidiana. Nota-se a crise nas caras das pessoas, na

rua. E isso tem um impacto muito forte sobretudo em quem quer lançar

um negócio", diz.

A primeira linha da House of Peacock

foi lançada em junho, com um investimento inicial de 2500 euros

distribuído ao longo dos meses seguintes. Para criar o negócio,

Inês foi comedida. "Tive muita sorte: um amigo fez-me o logótipo,

contei com o Facebook para a promoção gratuita, mas tenho plena

noção de que agora tenho que investir num site porque os

estrangeiros não compram através do Facebook."

Para fazer algo diferente, decidiu

escolher os melhores tecidos e acabamentos. Queria vender algo que

integrasse as tendências mundiais e fosse capaz de entrar nas

wishlists de clientes de todo o mundo. O mais complicado foi fugir

aos fornecedores estrangeiros que têm muitas vezes preços e métodos

de trabalho mais competitivos. "Os portugueses têm muito medo da

concorrência, não confiam nas suas capacidades. Parece que tudo é

feito no mais profundo secretismo. E isso transforma as pessoas.

Todas essas condições se tornam críticas quando queremos fazer de

um projeto, um negócio."

A primeira coleção de carteiras House

of Peacock tem quatro modelos de diferentes dimensões e coordenação

de cores e tecidos. "Construí a marca com calma e muito cuidado.

Comecei com um produto mas não quero que a marca seja só isto. Não

é só isto, pode crescer."

Os preços, que variam entre 65 e 120

euros, tem em conta dois fatores fundamentais. Primeiro, a noção de

quanto as coisas custam: "É preciso gastar muito tempo a

informarmo-nos, ter o material no forno. Porque é um produto para um

consumidor informado." Depois, conhecer a concorrência: "Não à

Zara ou à Accessorize. As minhas carteiras são um produto

distintivo, dirigido a um target específico que procura

exclusividade e qualidade. Por os modelos têm um número limitado.

Cada carteira tem um nome e uma frase que a define. Como se tivessem

uma personalidade que serve de mote a um look", explica.

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