Espanha: "Operação Imperador" já apreendeu 10 milhões de euros (atualizada)

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A investigação à rede de branqueamento de capitais da máfia chinesa com atividade em Espanha já permitiu bloquear 10 milhões de euros, que se junta assim aos 2 milhões apreendidos anteriormente, escreve hoje o El Mundo.

Uma rede de branqueio de capitais da máfia chinesa retirava de Espanha entre 4 e 5 milhões de euros por mês, tendo conseguido branquear entre 800 milhões e 1,2 mil milhões de euros nos últimos quatro anos.

O dinheiro era transportado em carrinhas, carros, comboios e barcos e destinava-se a paraísos fiscais.

Foi iniciada na madrugada desta terça-feira a denominada "Operação Imperador", que conta com 83 detidos - estima-se que o número total de detenções possa ultrapassar as 110 no final das buscas - e que apreendeu já grandes quantidades de dinheiro e de 202 veículos.

Entre os detidos, encontram-se Gao Ping - promotor de arte e um dos grandes empresários chineses envolvidos no esquema - o socialista José Borras Hernández - indiciado na concessão de licenças fraudulentas de locais a membros da rede em troca de dinheiro - e o ator pornográfico Nacho Vidal, acusado de utilizar a sua produtora para branquear capitais da máfia chinesa.

A irmã de Vidal, Maria José Jorda, foi também detida.

A investigação está a ser dirigida pelo juiz da Audiência Nacional Fernando Andreu e pela Fiscalía Anticorrupción e é vista como uma das maiores operações contra o branqueio de capitais e o delito fiscal alguma vez feitas pelo tribunal espanhol.

O centro das atividades da máfia chinesa era o polígono industrial de Cobo Calleja - conhecido por "China Town" madrilena - , em Fuenlabrada, Madrid, com a polícia a proceder ao registo de diversas naves industriais. Uma força de 500 polícias e mais de 50 funcionários aduaneiros foram destacados para a capital espanhola.

Ainda que a maioria das detenções tenham ocorrido na capital espanhola, também Barcelona, Málaga, San Sebastián, Valência e Zamora foram palco de ações da polícia.

A investigação admite, ainda, a ocorrência de outros crimes, como o de extorsão ou prostituição.

O esquema começou a ser investigado em 2009, quando a Fiscalía Anticorrupción descobriu a chegada a Cobo Calleja de contentores chineses com os típicos produtos de "tudo a cem".

Os detidos começavam por não declarar os produtos, transportando depois o dinheiro em sacos com destino à China. Depois, um grupo de espanhóis e israelitas branqueavam o dinheiro em paraísos fiscais.

A organização de branqueamento contava com um núcleo duro de 15 pessoas. Um dos presumíveis cabecilhas do grupo vive mesmo em Madrid, na urbanização de Somosaguas.

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