Queluz de Baixo
1- O que me surpreende, neste diferendo entre Ana Leal e Judite Sousa - e em todo o manto de polémica que ele lançou sobre o universo TVI, ex-colaboradores incluídos -, é que não tenha surgido mais cedo. José Alberto Carvalho e Judite Sousa empreenderam nos últimos anos uma tal remodelação na abordagem de Queluz de Baixo à atualidade que se torna quase heroico só agora terem dado razões de queixa ao status quo cessante. Demandas de tal sorte costumam ser povoadas de zonas cinzentas, e zonas cinzentas entre jornalistas nunca são menos do que pólvora. Por outro lado, não deixa de ser desconcertante que a controvérsia tenha tido origem no mais básico dos riscos estratégicos: a retirada de uma peça do alinhamento de um telejornal. Terão José Alberto e Judite julgado que já haviam domado a besta, pelo menos a um nível que lhes permitisse exercerem as suas funções em toda a respetiva extensão, decidindo inclusive sobre que notícias são emitidas em que noticiário (e indepententemente do jornalista em causa)? Não posso crer que sejam tão ingénuos quanto isso.
2- Respigado pela imprensa dita "da especialidade": Cristina Ferreira está surpreendida por o Expresso a ter incluído na lista dos 100 portugueses mais influentes. Mais uma razão para nos preocuparmos. Deixem-me generalizar: que os protagonistas da nossa day time TV tenham a influência que têm sobre os portugueses, sobre a ocupação do seu tempo e o seu bom gosto, sobre a sua noção das proporções e a sua assertividade em geral, já é grave o suficiente. Que a tenham sem a noção de que a têm - e, portanto, sem a consciência das responsabilidades que isso acarreta - é trágico.