Galp prepara nova fase na Namíbia e procura parceiro “com apetite” para acelerar projeto
Frederic J. Brown / AFP

Galp prepara nova fase na Namíbia e procura parceiro “com apetite” para acelerar projeto

Objetivo, segundo a administração, é “chegar ao ‘first oil’ [arranque da produção de petróleo] o mais rápido possível” do projeto, cujo investimento poderá atingir entre 10 e 12 mil milhões de euros.
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A Galp mantém a previsão de até ao final do ano encontrar um parceiro com “apetite” para o desenvolvimento do projeto de exploração de petróleo na Namíbia, um ativo com elevado potencial mas que exige um investimento avultado.

“Estamos à procura de um parceiro altamente robusto do ponto de vista de capacidade de execução, com reputação e com apetite para acelerar o desenvolvimento do projeto”, afirmou o administrador executivo da Galp, Nuno Bastos, responsável pela área de ‘upstream’, produção e exploração de petróleo e gás natural, durante um encontro com jornalistas.

O objetivo, acrescentou, é “chegar ao ‘first oil’ [arranque da produção de petróleo] o mais rápido possível” do projeto, cujo investimento poderá atingir entre 10 e 12 mil milhões de euros. Nuno Bastos sublinhou que “cada mês que estivermos sentados à espera que outros façam as suas análises é tempo perdido”, acrescentado que estão disponíveis para abrir a parceiros até metade do capital que detêm no projeto.

A Galp detém 80% do bloco PEL 83, com 10% pertencentes à petrolífera estatal namibiana Namcor e 10% a um parceiro privado local. O bloco, com uma área de 10 mil quilómetros quadrados — “o equivalente a 11% do território nacional” —, tem um potencial estimado de 10 mil milhões de barris de óleo equivalente, segundo dados da empresa.

“Estamos numa fase de exploração e ‘appraisal’ [avaliação] e nunca estaremos a produzir antes de 2030”, estimou o gestor, que recordou que o desenvolvimento de projetos petrolíferos “é um processo de longo prazo, com riscos e investimentos avultados”.

Nuno Bastos salientou que a Galp está “orgulhosa” por ter avançado sozinha até esta fase, antes de abrir o capital a um novo parceiro. “Depois de perfurarmos e mostrarmos o valor do ativo, entrámos num campeonato diferente — hoje temos uma posição muito mais forte para negociar”, disse.

Sobre a transição energética, o administrador considerou que “é cada vez mais consensual que vai demorar mais tempo do que se esperava”. “Tivemos uma guerra na Europa e temas fortes de segurança de abastecimento. Ficou evidente que a sustentabilidade a todo o custo não é possível”, afirmou.

Para Nuno Bastos, o mundo vive agora “numa lógica de aditividade energética, e não de subtração — todas as fontes de energia vão ser críticas”.

O responsável reiterou que a Galp continuará a investir em hidrogénio, biocombustíveis e energias renováveis, financiando esses projetos com o ‘cash flow’gerado pelo ‘upstream’. “É esta geração de caixa que nos permite reinvestir na descarbonização e no pagamento de dividendos”, afirmou.

Ainda assim, lamentou que os apoios públicos em Portugal sejam limitados quando comparados com os de Espanha. “No hidrogénio tivemos um apoio de nove milhões de euros e 11 milhões para o HVO [biocombustível]. Em Espanha, projetos idênticos receberam 150 a 165 milhões”, destacou.

Nuno Bastos concluiu defendendo que a Galp “tem capital, 'expertise' e ambição para continuar a crescer no ‘upstream’ e sustentar a transição energética ao longo dos próximos anos”.

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