Portugal, à semelhança do resto da Europa, enfrenta um cenário desafiador na sua indústria farmacêutica, que pode ver um aumento de custos e pressão sobre os preços dos medicamentos. Esta situação decorre de um acordo entre Bruxelas e os Estados Unidos, alcançado em julho de 2025, que estabelece um limite de 15% para tarifas sobre medicamentos de marca, pondo fim a mais de 30 anos de isenção. A ameaça da Administração Trump de aumentar tarifas até 100% caso as empresas não estabeleçam produção local nos EUA intensifica a incerteza, conforme aponta o estudo “O impacto das tarifas na indústria farmacêutica”, da área de Healthcare da LLYC Europa.Apesar das dificuldades, o estudo também identifica oportunidades que podem beneficiar Portugal, caso haja uma atuação coordenada. O novo contexto pode servir como um impulso para a reindustrialização do setor e aumentar a autonomia na produção de medicamentos. Além disso, pode favorecer a atração de investigação e desenvolvimento (I&D) e ensaios clínicos, assim como promover políticas comuns de preços e acesso a nível europeu.O setor farmacêutico em Portugal está em expansão, com uma forte orientação internacional. As exportações para os Estados Unidos alcançaram 1.390 milhões de dólares em 2023. No entanto, as novas tarifas podem afetar a viabilidade de unidades especializadas em biotecnologia e medicamentos de elevado valor acrescentado.“Nestes momentos de grande tensão geopolítica e transformação regulatória, se queremos que a indústria farmacêutica continue a inovar, e que essa inovação chegue efetivamente aos doentes, precisamos de quadros legislativos que ofereçam incentivos reais. Só desta forma garantimos que o setor continue a gerar investimento, emprego e crescimento económico”, afirmou Carlos Parry, líder de Healthcare da LLYC na Europa.Em suma, a indústria farmacêutica portuguesa, assim como a europeia, enfrenta uma fase de incerteza estrutural. Embora as tarifas norte-americanas representem um desafio significativo, também podem atuar como um catalisador para fortalecer a competitividade, inovação e colaboração no setor, conclui o estudo. .Indústria farmacêutica alerta para subfinanciamento dramático na área da saúde