Presidente da holding de Defesa bate com a porta

Catarina Nunes pediu para sair da liderança da IdD, Portugal Defence, onde estava há menos de um ano. O ministério da Defesa confirma que pediu para não ser reconduzida.
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A presidente do conselho de administração da holding estatal das indústrias de Defesa, IdD - Portugal Defence pediu para deixar o cargo 11 meses após o ter assumido.

Catarina Nunes era vogal da IdD e substituiu na liderança Marco Capitão Ferreira quando este foi nomeado secretário de Estado da Defesa.

Fonte oficial do Ministério da Defesa Nacional (MDN) confirmou ao DN que "o mandato terminou a 31 de dezembro" e a dirigente "pediu para não ser reconduzida".

Segundo o porta-voz da IdD, nesta terça-feira, dia 28 de fevereiro, será o seu último dia de trabalho e regressa ao seu serviço de origem, passando a ocupar o cargo de técnica superior no Gabinete de Estratégia e Estudos do Ministério da Economia e do Mar.

Catarina Nunes era também a representante nacional na NATO Industrial Advisory Group.

Apesar de ter sido "formalmente nomeada" a 31 de março de 2022 manteve o tempo do mandato como vogal, extensivo ao restante Conselho de Administração, que também terminou a 31 de dezembro, sem que tenha sido aprovado novo mandato.

Algumas fontes do setor admitiram ao DN a sua "surpresa" com esta decisão de Catarina Nunes, economista de formação, cujo percurso teve sempre o apoio de Marco Capitão Ferreira.

Saíram ambos do gabinete do ex-ministro da Defesa João Gomes Cravinho, em junho de 2020, com o desígnio de reformar e potenciar a gestão das participações públicas na área da Economia da Defesa e mobilizar a indústria nacional com vista a aproveitar as verbas do Fundo Europeu de Defesa.

A IdD é responsável pela gestão da carteira de participações do Estado na indústria de Defesa: 100% das ações da Arsenal do Alfeite e da Empordef - Tecnologias de Informação S.A.. Detém também 59,8% da empresa "Extra - Explosivos da Trafaria", 45% da "Naval Rocha - Sociedade de Construção e Reparações Navais", 35% da "OGMA - Indústria Aeronáutica de Portugal", 18% da "EID - Empresa de Investigação e Desenvolvimento de Eletrónica" e 17,5% da "EDISOFT - Empresa de Serviços e Desenvolvimento de Software".

No entanto, as mesmas fontes identificam algumas causas que "podem ter contribuído para causar incómodo" à presidente do Conselho de Administração.

Lembram que neste último ano a IdD sofreu um pesado golpe quando o Tribunal de Contas considerou "fulminado de nulidade" um contrato preparado entre Gomes Cravinho e Marco Capitão Ferreira, aprovado em Conselho de Ministros em junho de 2021, segundo o qual a holding receberia cerca de cinco milhões de euros para fazer a gestão, até 2030, do programa de aquisição dos seis navios patrulha oceânicos (NPO"s) para a Marinha. A verba seria retirada do orçamento da Marinha, o que mereceu duras críticas, conforme o DN noticiou.

Outra situação a contribuir para o mal-estar de Catarina Nunes tem sido a demora na aprovação pelo acionista Estado (Defesa e Finanças) dos relatórios e contas.

O de 2020 só ficou disponível em janeiro de 2023 e o de 2021, que deveria aprovado até maio de 2022 (já com a prorrogação da pandemia), ainda nem sequer foi aprovado em assembleia geral.

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