"Excelente opção." Marta Temido com caminho aberto para Lisboa
Faltam ainda dois anos, mas restam já poucas dúvidas de que a ex-ministra da Saúde Marta Temido será a candidata do PS à Câmara Municipal de Lisboa.
A própria - desde julho líder eleita da Comissão Política Concelhia do partido em Lisboa - já não disfarça que está interessada nisso. E ontem, falando ao DN, o líder da estrutura distrital do partido, Duarte Cordeiro - também ministro do Ambiente - abençoou a candidatura considerando que Marta Temido é "uma excelente opção".
Citaçãocitacao"Da experiência a trabalhar com Marta Temido [no Governo], de forma mais próxima durante a pandemia, e tendo sido eu autarca, acredito que dará uma boa autarca."
Entrevistada sexta-feira no Expresso, a ex-ministra assumiu que "gostava de ser autarca": "A pulsão da vida das pessoas no dia-a-dia é, de facto, uma dimensão que atrai."
E depois, questionada sobre a sua disponibilidade para protagonizar uma candidatura a Lisboa, respondeu: "Se isso for importante para Lisboa e para os lisboetas, sim, claramente estarei presente e não virarei costas às dificuldades e a um combate por um projeto."
Citaçãocitacao"Ter uma presidente de uma Concelhia com a experiência que tem, nível de notoriedade e reconhecimento muito elevados, bem como o sentimento de gratidão por parte de tantos cidadãos, torna-a numa excelente opção. E o primeiro caminho é mesmo, como diz Marta Temido, construir uma alternativa e mostrar disponibilidade."
"Gostei muito da entrevista", reagiu ao DN Duarte Cordeiro. "Da experiência a trabalhar com Marta Temido [no Governo], de forma mais próxima durante a pandemia, e tendo sido eu autarca, acredito que dará uma boa autarca."
E mais: "Sobre a sua disponibilidade, e sendo eu presidente da FAUL [Federação da Área Urbana de Lisboa] do PS, só posso ficar satisfeito." Ou seja: "Ter uma presidente de uma Concelhia com a experiência que tem, nível de notoriedade e reconhecimento muito elevados, bem como o sentimento de gratidão por parte de tantos cidadãos, torna-a numa excelente opção. E o primeiro caminho é mesmo, como diz Marta Temido, construir uma alternativa e mostrar disponibilidade."
Cordeiro, recorde-se, foi vice-presidente da Câmara Municipal de Lisboa (quando o presidente era António Costa) e, com esta declaração, endossando a candidatura de Marta Temido, coloca-se ele próprio fora de uma corrida face à qual se especulou que podia disputar.
Na entrevista ao Expresso, Marta Temido - que conquistou enorme notoriedade pública no cargo de ministra da Saúde (de outubro de 2018 até setembro de 2022) - afirma-se ainda, embora de forma prudente, favorável a que o PS se envolva numa aliança de Esquerda na próxima candidatura autárquica a Lisboa (eventualmente à imagem daquela que Jorge Sampaio protagonizou com o PCP e outras forças em 1989).
"Ainda é prematuro, como aliás os vários partidos da Esquerda têm dito, pensar no que será o cenário possível daqui por dois anos. Uma coisa será falar do cenário possível, outra falar do cenário desejável. Os lisboetas e Lisboa ganharam quando a Esquerda se soube juntar e soube construir em conjunto", afirmou - mas não sem salientar ao mesmo tempo a importância de essa eventual coligação ter em comum "uma visão de cidade", mais do que "um projeto de poder".
Ao mesmo tempo, assegura que o seu papel enquanto líder da Comissão Política Concelhia de Lisboa do PS é desenvolver um projeto para a capital, mas para uma década e não apenas no "horizonte de um ciclo político".
"Vamos iniciar, em novembro, um processo de auscultação social, de participação pública para a construção de políticas públicas globais. Os políticos vão muitas vezes para a rua pedir a confiança das pessoas no momento das eleições, mas têm alguma dificuldade em envolvê-las na construção de soluções, resguardam-se em decisões técnicas. Mas as pessoas querem participar e discutir com os técnicos e há aspetos que têm de ser combinados pois, se não o forem, as pessoas não aderem. O propósito é que aquilo que sair desta discussão pública, deste fórum, possa ser disponibilizado às equipas que depois terão a responsabilidade de se apresentar aos eleitores de Lisboa", disse a ex-ministra, na entrevista.
À Direita, a expectativa reside numa recandidatura de Carlos Moedas (PSD). O próprio, contudo, ainda não confirmou, podendo estar disponível para uma candidatura à liderança do partido, caso o problema eventualmente se coloque. As eleições europeias de 2024 poderão para isso ser decisivas.