A procura de compra de casa continua a concentrar-se maioritariamente nos concelhos da Grande Lisboa, mas cada vez mais em municípios periféricos e mais distantes da capital, com preços mais compatíveis com os rendimentos dos portugueses, revela uma análise do site imobiliário Idealista. Prova disso mesmo é o facto de o município da Moita _ no distrito de Setúbal, mas ainda a distância compatível com viagem diária para Lisboa _ ter sido o mais procurado a nível nacional no segundo trimestre deste ano. Não por acaso. É o mais barato na região, apresentando um preço mediano de 248 mil euros, mais ou menos equiparado com Alenquer, indica aquela análise. A tendência, que não é nova, está não só a acentuar-se como a ganhar abrangência, assinala o estudo.Em termos de pesquisas, no segundo, terceiro e quarto lugares estão Amadora, Vila Franca de Xira e Sintra, ainda no distrito de Lisboa, que engloba os dez concelhos no topo da procura de imobiliário registada até junho.No extremo oposto de Moita e Alenquer, a nível de preços, está o concelho de Cascais, o mais caro de todos, com os valores a superarem os 1,3 milhões de euros, estando, por isso, no 28º lugar da procura online. Os valores praticados na Linha de Cascais afugentam as famílias típicas, mas continuam a atrair investidores. Casas custam mais de 300 mil eurosSe olharmos para a tendência nacional, os preços nos 50 municípios mais procurados para comprar casa variam significativamente, desde cerca de 150 mil euros em Castelo Branco, das zonas mais baratas do país, até mais de 1,3 milhões de euros em Cascais. Na grande maioria das cidades, concretamente em 37, os valores medianos das casas à venda são sempre superiores a 300 mil euros.A tendência de escalada dos preços para valores incomportáveis para a larga maioria dos nacionais é igualmente evidente em outros sete municípios, onde o custo mediano das casas à venda é superior a meio milhão de euros. São eles Oeiras, Lisboa, Albufeira, Óbidos, Mafra, Sintra e Tavira.Nesta radiografia às intenções de compra de casa em 50 municípios, a cidade de Lisboa surge em 12º lugar nas opções de busca, com preços medianos em torno dos 715 mil euros. Se tivermos em conta que a capital tem uma elevada percentagem de casas antigas, àqueles valores acrescem, muitas vezes, valores de remodelação. Alta dos preços altera dinâmicas regionaisSe subirmos na geografia para norte, o primeiro município do distrito do Porto a atrair a maior atenção é Paredes, na 13.ª posição, também por razões de custo. Para além deste, apenas mais cinco concelhos da Área Metropolitana do Porto figuram entre os mais pesquisados: Valongo, Maia, Gondomar, Matosinhos e Vila do Conde. Em Matosinhos, mesmo colado à Foz do Douro, por exemplo, os preços praticados no último trimestre rondavam os 448 mil euros, de acordo com os dados apurados por aquele site.Entre os 25 municípios mais caros em matéria habitacional, onze não são dos mais procurados. Dois casos situam-se no Algarve. Albufeira foi o menos procurado do top 50, com um custo mediano da habitação de cerca de 655 mil euros. E Tavira é outro exemplo, sendo o 8.º mais caro (com preço de 520 mil euros), ficando em 47.º lugar no ranking da procura.A evolução recente dos preços no setor imobiliário está a alterar as dinâmicas de mobilidade a nível regional, tirando partido também das infraestruturas viárias e ferroviárias construídas nas últimas duas décadas. É o caso de vários concelhos do distrito de Leiria, sobretudo os que inserem na sub região do Oeste, que estão a captar nova população que trabalha ou estuda em Lisboa. E isso está a ser evidente nos dados relevados nesta análise.“Há sete municípios do distrito de Leiria que se posicionam entre os mais procurados para aquisição de habitação: Caldas da Rainha, Peniche, Marinha Grande, Leiria, Pombal, Alcobaça e Óbidos”, refere o estudo. Mais uma vez, este nível de procura está associado aos preços mais baixos. Com efeito, “no distrito de Leiria, todos os municípios – com exceção de Caldas da Rainha e Óbidos – têm preços medianos de habitação abaixo dos 350 mil euros, revelando-se uma região com oferta habitacional mais acessível”.O ranking dos municípios mais procurados durante o segundo trimestre de 2025 foi calculado entre os que apresentaram uma oferta superior a 500 anúncios de casas à venda no idealista (o marketplace imobiliário do sul da Europa). Depois, foram também analisados os preços medianos dos 50 municípios mais procurados para comprar casa em Portugal. Utilizando os dados de comportamento dos utilizadores do idealista, recolheu-se o indicador de pressão da procura relativa sobre a oferta. Este indicador baseia-se no número de ‘leads’ (contactos por email, apresentação de ofertas e imóveis guardados em favoritos) recebidos por anúncio no idealista. Por um lado, os ‘leads’ mostram a procura de habitação por parte dos utilizadores. Por outro, o número de anúncios mede a oferta habitacional disponível no portal. Desta forma, o indicador sintetiza a pressão da procura de casas à venda sobre a oferta em cada município de Portugal, servindo, assim, para medir situações de aquecimento ou arrefecimento do mercado quando a procura relativa é mais alta ou baixa, respetivamente, esclarece o site Idealista.