Hotéis esperam preços mais altos e casa cheia de portugueses e estrangeiros no fim de semana da Páscoa
Foto: Gerardo Santos

Hotéis esperam preços mais altos e casa cheia de portugueses e estrangeiros no fim de semana da Páscoa

Hotéis de norte a sul estão de casa cheia nestas miniférias. Preços mais altos e mau tempo não beliscam planos dos turistas nacionais e estrangeiros para o fim de semana prolongado. Madeira lidera.
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O céu cinzento e o tempo incerto para os próximos dias não refreiam os planos para o fim de semana prolongado que se avizinha e nem os preços mais altos demovem os turistas de um short break. Se de norte a sul os hotéis do país estão cheios para Páscoa, com uma ocupação média a fixar-se nos 73%, é na Madeira que a procura no alojamento turístico dispara, com esta taxa a atingir os 83% - a mais alta do país - revelam os dados divulgados ontem pela Associação da Hotelaria de Portugal (AHP). “As expetativas para esta Páscoa são muito positivas, prevendo-se indicadores acima do mesmo período em 2024. Todavia, e tendo em conta a realidade cada vez mais presente de reservas de última hora, esperamos melhorar a performance, especialmente com a programação especial que iremos disponibilizar”, corrobora ao DN Roberto Santa Clara, CEO da Savoy Signature.

O grupo hoteleiro madeirense espera casa cheia com o mercado nacional a assumir-se como o principal cliente. Do lado dos visitantes internacionais, o Reino Unido, a Alemanha e os Estados Unidos completam a lista das reservas já efetuadas para estes dias. Na ilha, o preço médio nacional (ARR) situa-se nos 152 euros. Olhando para o restante mapa, a AHP detalha que a região de Lisboa é a recordista nas tarifas cobradas, com um ARR de 210 euros e uma ocupação média de 78%. Já no Algarve, onde as reservas dão conta de uma ocupação de 72%, os hóspedes irão desembolsar uma média de 138 euros. “O Norte (71%) e Açores (70%) apresentam igualmente boas perspetivas de ocupação, embora com valores médios mais moderados.

Já o Centro (56%) e o Alentejo (61%), apesar de registarem crescimentos em reservas, apresentam níveis de ocupação abaixo da média nacional, ainda que no caso do Alentejo compensado com valores mais elevados no ARR previsto”, adianta a associação liderada por Cristina Siza Vieira.

A Vila Galé traça boas perspetivas para as miniférias, e aponta um aumento de 5% nos preços. “Este ano a Páscoa é mais tarde e tendo em conta o clima de fevereiro e de março com chuva, acreditamos que muitos clientes esperam agora poder aproveitar os dias ao ar livre para passeio ou para uma primeira experiência de praia”, antecipa o administrador do segundo maior grupo hoteleiro do país, Gonçalo Rebelo de Almeida. No centro, a meteorologia entra no rol de fatores que podem influenciar os indecisos a avançar, ou não, com uma reserva last minute. “ É importante ter sempre em linha de conta que o clima tem sempre um impacto forte no momento de decisão. Por isso, por norma, existem dois momentos de pico de reservas: um primeiro de reserva antecipada e um segundo de última hora”, explica Jorge Costa, vice-presidente do conselho de administração da Visabeira Turismo.

O responsável do grupo que detém a cadeia Montebelo Hotels & Resorts, que conta com um portefólio de unidades em Viseu, Aveiro, Coimbra, Alcobaça e Lisboa, antecipa uma operação superior à de 2024 nesta época, com ocupações a chegar aos 80%. “O perfil do cliente mantém-se ajustado às diferentes características e atmosferas das várias unidades Montebelo. Por isso, desde casais a famílias, é bastante diversificado. Este ano, curiosamente, notamos igualmente um aumento do número de eventos corporativos, e não só, a serem realizados neste período”, acrescenta. Os hóspedes que de malas feitas rumam aos hotéis da insígnia procuram, elucida, não só algum tempo de qualidade junto da família, mas também usufruir das tradições regionais de Páscoa das regiões nas quais estã

Preços e procura disparam em Fátima

Ainda no centro, em Fátima, os principais indicadores seguem uma trajetória positiva com a procura e o preço a superar os números do ano passado, aponta United Hotels of Portugal (UHP). Com unidades também em Óbidos e Lisboa, o grupo tem beneficiado da pluralidade de turistas internacionais.

“Nos vários destinos estamos a reforçar a diversidade de mercados, tentando evitar a dependência excessiva. Por isso, observamos um crescimento dos mercados asiáticos, mas também de mercados como Israel. Mas Espanha, nesta época específica, continua a ter um peso enorme na procura, principalmente em Fátima”, assegura o CEO da UHP, Alexandre Marto Pereira. Em Fátima, as motivações religiosas assumem destaque na hora de escolher este destino. “No caso de Fátima, embora o peso das visitas por touring cultural sejam cada vez mais importantes – e motivação óbvia para mercados como o israelita –, observa-se de facto uma procura do santuário pelo que aquilo que fundamentalmente ele aporta: uma oferta espiritual. Este ano, como em anos anteriores, observa-se uma procura forte e organizada por movimentos de jovens”, acrescenta. Já no que respeita ao mercado doméstico, e nestes primeiros meses do ano, o tempo castigou as reservas.

“O mercado nacional teve uma leve quebra, eventualmente porque a meteorologia tem castigado os short breaks. No entanto acreditamos que a primavera, se entregar um céu mais azul, provoque um efeito de libertação que pode repor e até exponenciar a procura nacional”, afirma.

Porto com ocupação robusta

Na Invicta, as perspetivas seguem o quadro animador. “A Páscoa é uma época especial e importante para as famílias nacionais e estrangeiras, coincidindo com uma altura tradicional para tirar férias. A procura ronda os 80% de ocupação, tanto ao nível de alojamento como para o almoço do domingo de Páscoa, muito em linha com o ano passado nesta altura, sendo que temos ainda disponibilidade para alojamento e para o almoço”, especifica o The Yeatman.

O hotel de luxo localizado em Vila Nova de Gaia confirma um aumento nos preços face a 2024, com as tarifas de alojamento a começar nos 465 euros por noite e o almoço de Páscoa a refletir também uma ligeira subida para os 140 euros por pessoa. “Todas as efemérides e festividades são sempre momentos de grande procura em todos os outlets do The Yeatman. Com 15 anos de existência, muitas delas, incluindo a Páscoa, são já consideradas verdadeiras tradições para muitos grupos e famílias”, salienta.

Férias mais longas no Algarve

Os turistas que escolheram o Algarve este mês optaram por estender a estada até uma semana, aproveitando o período de férias escolares. “O Algarve continua a ser um destino de excelência, porque tem uma oferta muito completa. Apesar de o preço do alojamento ser, por vezes, superior a outros destinos, o hóspede que nos visita, principalmente dos mercados tradicionalmente fortes como o britânico e alemão, mas não só, aprecia muito o serviço e a atenção que é dada aos turistas que nos visitam”, relata a Amazing Evolution, empresa gestora do hotel White Shell. A unidade de Porches conta com os quartos quase ocupados na totalidade, com um preço médio por noite a começar nos 265 euros. Os holandeses, os belgas, os alemães, os britânicos, os irlandeses e os portugueses são os responsáveis pela casa cheia.

A Páscoa representa, para a hotelaria do país, o primeiro balão de oxigénio depois da acalmia dos primeiros meses do ano. Os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) disponíveis até fevereiro, dão conta de uma quebra de 2,5% nas dormidas no segundo mês de 2025. Ainda assim, no acumulado, os principais indicadores subiram, totalizando 3,4 milhões de hóspedes (+4,1%) que foram responsáveis por 7,8 milhões de dormidas (+1,4%). Os proveitos totais proveitos totais também avançaram para os 550 milhões de euros (+8,5%).

“A Páscoa é, tradicionalmente, uma época importante para a hotelaria nacional e os dados que recolhemos reforçam, mais uma vez, essa tendência. Registamos um crescimento sustentado nas reservas, um aumento moderado nos preços e uma variação no peso relativo dos mercados emissores, com destaque para o crescimento do peso do Reino Unido e dos Estados Unidos, e uma menor quota comparada de França”, frisa a vice-presidente executiva da AHP, Cristina Siza Vieira. “Importa ainda sublinhar o peso crescente das reservas de última hora, que têm vindo a ganhar expressão nos últimos anos. É por isso expectável que, em algumas regiões e hotéis, a taxa de ocupação venha a aproximar-se dos 100% à medida que nos aproximamos do fim de semana pascal”, conclui.

Hotéis esperam preços mais altos e casa cheia de portugueses e estrangeiros no fim de semana da Páscoa
Portugueses voltam a viajar mais na Páscoa e para destinos diversificados
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