"Soube-se hoje que a ministra da Agricultura mentiu aos portugueses. Ao contrário do que Maria do Céu Antunes tinha afirmado, a futura lei orgânica das Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) não irá consagrar que um dos quatro vice-presidentes destas entidades intermédias da Administração Pública venha a tutelar a pasta da Agricultura. Também ao contrário do que afirmou a Ministra da Agricultura, não está previsto que os atuais diretores regionais de Agricultura assumam uma vice-presidência das futuras CCDR.".Assim reage a Confederação dos Agricultores Portugueses (CAP) às declarações de Ana Abrunhosa, que contradizem o que avançara a ministra da Agricultura. Maria do Céu Antunes avançara ao Público que a nova lei orgânica das CCDR obrigaria a que os diretores regionais de Agricultura fossem vices daquelas entidades, informação desmentido hoje pela ministra da Coesão. "Não fica estabelecido, na lei orgânica, que áreas recebem os vice-presidentes, sendo essa uma decisão da direção de cada CCDR", afirmou o gabinete de Ana Abrunhosa ao mesmo jornal, esclarecendo que caberá "às direções das CCDR, dentro da sua autonomia, escolherem as áreas que considerem adequadas para cada vice-presidente. Cada CCDR fará a sua escolha tendo em conta os perfis dos elementos da direção, bem como as características da sua região."."Está tudo errado", lamenta a CAP, que pede a intervenção de António Costa. "Resolver este problema compete ao primeiro-ministro.".Para a instituição que representa a maioria dos agricultores do país, "estamos perante uma situação muito grave, que não pode passar sem consequências". "O desmentido da Coesão Territorial às afirmações da ministra da Agricultura não deixa margem para dúvidas: a ministra da Agricultura mentiu no exercício das suas funções." Mais do que a gravidade da "mentira", a CAP, liderada por Eduardo Oliveira e Sousa, vinca que é igualmente "gravíssimo que a futura composição das CCDR não inclua um responsável de topo com a gestão do pelouro da Agricultura e do Mundo Rural"..Para a CAP, a Agricultura portuguesa está a perder competitividade todos os dias, desperdiçando-se recursos e não se mobilizando os meios necessários para o desenvolvimento do setor. "Está em curso o desmantelamento sem sentido do Ministério da Agricultura", sublinha de novo, apontando que a extinção das Direções Regionais de Agricultura (DRA) sem atentar à reestruturação das CCDR faz perder "o mais importante instrumento" de ligação dos agricultores ao Estado no território e de controlo na execução e acompanhamento dos fundos comunitários. "É lamentável.".Para a instituição liderada por Eduardo Oliveira e Sousa, que ainda nesta semana fora deixada de fora da lista de estruturas de acompanhamento do Plano de Execução da Política Agrícola Comum (PEPAC) - uma omissão que a tutela corrigiu ontem, lamentando o "lapso externo ao ministério" - tudo isto comprova que as instituições não estão a funcionar..A CAP apela agora diretamente ao primeiro-ministro para que olhe para o que se passa no setor e resolva "a incompreensível descoordenação entre ministérios, para que termine com as sucessivas manifestações de incompetência e para que ponha ordem no governo"..No entender da CAP, "há que pôr fim à incompetência, por um lado, e há que comunicar com clareza o que vai suceder às DRA depois da extinção e integração nas CCDR. A situação de indefinição não serve o país, não serve o setor, e está desnecessariamente a causar enorme instabilidade e intranquilidade entre os agricultores portugueses."