Uma vitória para tranquilizar
Um triunfo que se espera apaziguador para os lados de Alvalade. Com a direção de Frederico Varandas em guerra com as duas importantes claques do clube, a equipa leonina arrancou uma vitória importante frente a um adversário complicado (3-1), na oitava jornada da I Liga. Dois golos em três minutos na primeira parte desbloquearam o jogo e encaminharam os leões para um triunfo mais ou menos tranquilo, como há muito não se via. Silas deixou Wendel de fora por opção, mas somou a quarta vitória em cinco jogos (só perdeu com o Alverca e saiu da Taça de Portugal).
O jogo começou com um aviso do Vit. Guimarães. André Almeida com um desvio perigoso, quase enganava Renan Ribeiro. Na resposta Bruno Fernandes, com o calcanhar, desvia um cruzamento de Valentin Rosier e a bola morre nas mãos de Miguel Silva.
Depois de uma entrada a todo o gás as duas equipas respiraram e assentaram o jogo. Foi então que veio ao de cima o génio de Vietto e os seus passes de rotura. O argentino num contragolpe rápido, serviu Jesé Rodríguez, que tirou Miguel Silva do seu caminho com mestria e finalizou à vontade. O VAR ainda analisou o lance, mas o golo do ex-Real Madrid foi validado. Jesé estreou-se assim a marcar na I Liga e logo no primeiro jogo a titular, não marcava desde o dia 5 de maio.
Vietto continuou à solta e os leões chegaram ao 2-0 pouco tempo depois. Na sequência de um erro do capitão Venâncio, Luciano Vietto roubou-lhe a bola, combinou com Marcos Acuña e o argentino fez o golo perante a hesitação do guardião vitoriano. E assim o argentino desbloqueou um jogo que se adivinhava complicado.
A troca de bolas de Jesé e Vietto (e também a arrancadas de Bolasie) acabaram assim por ser fatais para os vimaranenses. A perder por 2-0, a equipa de Ivo Vieira não baixou os braços e podia ter reduzido a desvantagem logo depois por Davidson, que tabelou com Léo Bonatini e disparou forte ao poste direito da baliza de Renan Ribeiro aos 32 minutos.
O Sporting mostrou-se pragmático e inteligente a aproveitar os erros do adversário, que se apresentou de forma exuberante em Alvalade, mas pouco eficaz na primeira parte - talvez a acusar o desgaste do intenso duelo com o Arsenal em Londres na quinta-feira (derrota por 3-2).
O segundo tempo trouxe um leão supersónico. Numa jogada rápida do ataque leonino Bruno Fernandes ficou cara-a-cara com o guarda-redes Miguel Silva e só não marcou porque Frederico Venâncio cortou sobre a linha de golo. Um lance confuso que originou um sururu no relvado e teve de ser analisado pelo VAR, mas resultou num canto a favor do leões.
Do lado vimaranense, Lucas Evangelista assumia as despesas do jogo ofensivo, mas o brasileiro não tinha companhia à altura e os lances acabavam resolvidos pela defensiva leonina. Também por isso Ivo Vieira sentiu necessidade de mexer na equipa e trocou André Almeida por José Carlos Teixeira, que assim que entrou mostrou ao que ia e testou a atenção de Renan. Teixeira mexeu com o jogo e os estragos não tardaram. Num lance confuso e com culpas para a defesa leonina Leo Bonatini, bem posicionado na área, aproveitou para reduzir a desvantagem.
O golo fez o Sporting tremer e o 2-2 só não aconteceu porque Renan não deixou. O Vit. Guimarães agigantou-se no jogo e Davidson (por duas vezes) e Mikel Agu mostravam as garras.
Silas, que já tinha tirado Vietto para dar lugar a Borja, respondeu com a troca de Jesé por Luiz Phellype e foi recompensado. Num lance de bola parada o técnico leonino viu Coates aproveitar um erro do guardião Miguel Silva para fazer o 3-1, que acalmou o jogo e voltou a sossegar as hostes leoninas. De tal forma que até deu para Silas estrear o menino Rodrigo Fernandes (para o lugar de Eduardo).
O triunfo permitiu ao Sporting ascender à quarta posição, com 14 pontos - mantendo a distância de sete pontos para os rivais FC Porto e Benfica, novos líderes da I Liga -, mas parece não ter acabado com o clima hostil. As claques voltaram a acabar o jogo a entoar cânticos contra o presidente Frederico Varandas, mas foram assobiados pelos outros adeptos presentes no estádio, sinal de que a Paz ainda está longe de voltar a Alvalade.
O argentino foi peça fundamental no ataque leonino, onde somou várias boas decisões e ligações, tendo coroado a performance com duas assistências. Começou por correr vários metros até isolar Jesé no 1-0 e depois foi rápido e atento a aproveitar um erro do adversário e servir Acuña para o 2-0. Apesar de ter estado sempre muito ativo no jogo e de ter tentado levar a equipa para a frente não acabou o jogo e deu lugar a Borja, quando a equipa precisa de mais um homem para segurar a vantagem.
Jogo realizado no Estádio José Alvalade, em Lisboa.
Sporting - Vitória de Guimarães, 3-1.
Marcadores: 1-0, Jesé, 29 minutos; 2-0, Acuña, 32'; 2-1, Léo Bonatini, 67'; 3-1, Coates, 74'.
Sporting: Renan, Rosier, Coates, Mathieu, Acuña, Doumbia, Eduardo (Rodrigo Fernandes, 87), Bruno Fernandes, Bolasie, Vietto (Borja, 67) e Jesé (Luiz Phellype, 73).
Treinador: Jorge Silas.
Vitória de Guimarães: Miguel Silva, Victor García (André Pereira, 80), Frederico Venâncio, Tapsoba, Florent, Mikel Agu, André Almeida (João Carlos Teixeira, 61), Lucas Evangelista (Rochinha, 80), Marcus Edwards, Davidson e Léo Bonatini.
Treinador: Ivo Vieira.
Árbitro: Artur Soares Dias (AF Porto).
Ação disciplinar: cartão amarelo para Mikel Agu (29), Vietto (67) e João Carlos Teixeira (72).
Assistência: 28.135 espetadores.