Paula Leça foi trabalhar para o McDonald's junto ao antigo Estádio José Alvalade quando tinha 16 anos. Era um part time e estava longe de imaginar que iria ser tão importante na vida de alguém. No caso de Cristiano Ronaldo, que numa entrevista recente à televisão britânica ITV recordou os tempos difíceis que atravessou, quando se mudou para Lisboa com 12 anos, que o levaram a recorrer ao McDonald's, próximo de Alvalade, onde algumas funcionárias lhe davam hambúrgueres que sobravam..Ao recordar este episódio da sua vida, Cristiano Ronaldo afirmou que gostaria de reencontrar essas pessoas que o ajudaram. Esta quinta-feira, a Rádio Renascença encontrou uma delas..Paula Leça falou depois ao DN "do orgulho" que tem no "menino Ronaldo". Ela lembrava-se da história, mas nunca a revelou sem ser à família. Por isso, ouvir o próprio Ronaldo a tornar pública a história provocou-lhe sorrisos numa "viagem no tempo", revelando que já tinha falado nisso ao seu filho.."As pessoas perguntam-me agora porque não disse nada, mas não me cabia a mim contar. Só a família sabia. Contei ao meu filho, que achava que era mentira, porque a mãe dele nunca na vida poderia ter dado um hambúrguer ao Cristiano Ronaldo. Para ele o Ronaldo é o melhor do mundo e é difícil imaginar que já foi um miúdo como ele. O meu marido também já sabia, foi algumas vezes buscar-me lá à noite e também viu", confessou Paula Leça ao DN..CR7 e os amigos apareciam por volta das 23.00 que era a hora de fecho do restaurante. "Apareciam à frente do quiosque, como quem não quer a coisa, e, quando havia hambúrgueres a mais, as nossas gerentes davam autorização para os ceder", contou a ex-empregada da cadeia de hambúrgueres, que não se sente "a melhor pessoa do mundo por ter dado comida que ia para o lixo".."Será que ele tem noção do poder que tem?".Paula Leça deixou o McDonad's e está a trabalhar na FNAC, mas não esquece o "miúdo tímido", que preferia não pedir e esperar que lhe dessem e que hoje "é o melhor do mundo"..Hoje, ouvir o jogador admitir que que passou dificuldades e que gostava de agradecer a quem o ajudou mostra que ele é "o campeão da humildade" e do reconhecimento. E é isso que lhe vai dizer quando se encontrar com ele: "Se o convite para jantar chegar, vou só para lhe dizer que o pequeno gesto que ele pensa estar a ter connosco é muito maior do que o que nós fizemos por ele. Nós demos-lhe comida sem interesse ou imaginar o bem que lhe fazíamos, mas ele não o esqueceu quando está no topo do Mundo. Eu estou sem palavras para o reconhecimento dele, é mesmo o campeão da humildade. Será que ele tem noção do poder que tem? Ele dá alegria a milhares de crianças e fico feliz só de pensar no quão feliz ele pode fazer o meu filho.".Paula Leça perdeu o rasto das outras funcionárias da altura. "No McDonald's era um entra e sai muito grande e não havia telemóveis nem Facebook (risos), mas soube que a McDonald's já emitiu um comunicado a confirmar que iria verificar os registos e tentar encontrar as funcionárias. O Ronaldo falou em três, mas éramos mais. Estávamos sempre três, dois funcionário e um gerente, mas os horários mudavam e por isso havia mais", revelou ao DN..Ronaldo recordou esses tempos de forma emocionada: "Quando era miúdo, com uns 12 anos, não tínhamos dinheiro. E vivíamos juntamente com outros jovens jogadores provenientes de outras zonas do país. Era um período complicado, sem a família por perto. Tínhamos fome e havia um McDonald's por perto. Pedíamos os hambúrgueres que sobravam e uma senhora chamada Edna, mais outras duas raparigas, davam aquilo que sobrava. Espero que esta entrevista ajude a encontrá-las. Queria convidá-las a jantar comigo, em Turim ou em Lisboa. Quero poder devolver aquilo que fizeram por mim. Nunca me esqueci desse momento", disse CR7