Três centrais reprovados e muita invenção à mistura
Leões perderam 3-0 com o V. Guimarães. Jesus colocou um médio no eixo da defesa e um esquerdino como falso lateral direito, posição onde acabou Gelson. Miguel Silva em grande
O adepto do Sporting mais otimista pode agarrar-se aos ausentes por opção do treinador Jorge Jesus. Piccini, Mathieu, Fábio Coentrão, Alan Ruiz e Bas Dost nem foram a Rio Maior, onde o Sporting perdeu ontem por 3-0 com o V. Guimarães, que depois de ter sido derrotado em casa com o FC Porto (0-2) prepara agora a disputa da Supertaça com o Benfica.
E pode ainda argumentar que Gelson, Acuña, Bruno Fernandes e Podence só entraram na segunda parte quando o Sporting já perdia por 2-0 e alinhava com menos um por expulsão de Coates.
Mas há coisas difíceis de explicar. Entende-se que Jesus queira experimentar um esquema com três centrais, porque pode precisar no decorrer da época. Mas o que não se entende é como Petrovic, médio defensivo, é testado nessa posição. Ainda se percebe menos por que Bruno César, um esquerdino puro, atuou como falso lateral direito.
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Como se isso tudo não bastasse, Jonathan Silva, que jogou como falso lateral esquerdo, fez uma exibição paupérrima, sendo protagonista nos três golos dos minhotos.
O Sporting começou como a ficha (ver ao lado) mostra e só aos 23 minutos desfez o esquema de três centrais porque Coates foi bem expulso depois de ter revelado uma falha de concentração inacreditável quando se deixou antecipar por Estupiñán, que já havia marcado o primeiro golo, num instante em que estava senhor do lance - impediu que o adversário se isolasse e o vermelho é justo.
Nesse minuto já o V. Guimarães ganhava por 2-0. Pedro Martins jogou no mecanizado 4x2x3x1 e aproveitou a falta de automatismos e as posições trocadas de alguns futebolistas leoninos para jogar no erro adversário. Ainda assim, muito mérito para os vimaranenses, que continuam a mostrar ser uma equipa perigosa no contra-ataque e ontem extremamente eficaz. Para isso também contaram com a soberba exibição de Miguel Silva, o guarda-redes que foi associado ao Benfica e pelo qual o Sporting já teve direito de preferência - Doumbia e Iuri Medeiros que o digam. Pelo que fez ontem, não seria uma má opção para os leões caso Beto realmente saia para a Turquia.
No segundo tempo, pelo lado do Sporting os transferíveis William Carvalho e Adrien saíram para dar lugar aos reforços Battaglia e Bruno Fernandes. Gelson Martins também entrou e foi nos 15 minutos que atuou como extremo, a posição em que se notabilizou, que se percebeu que, mesmo com dez, o Sporting podia reentrar no jogo, contudo, com a saída de Bruno César aos 60", o internacional português foi deslocado para lateral direito... e o Sporting voltou a perder fulgor porque a sua principal fonte de criatividade ficou presa a uma missão defensiva. A terminar, Raphinha concluiu um centro que Jonathan Silva permitiu e que Rui Patrício devia ter intercetado. O terceiro golo não se justificava e os números são claramente pesados.
Quem viu o jogo deu conta de um Sporting de grande volume ofensivo. Doumbia esteve bem nas combinações e a aparecer em zonas de finalização. Faltou-lhe eficácia e um guarda-redes menos inspirado pela frente. Isto significa que não é pelo que fez na frente que o Sporting deu sinais negativos, mas sim pelos alicerces e pela utilização de futebolistas, vamos lá, em zonas em que estão pouco habituados. A dez dias do início da Liga e depois de uma vitória entusiasmante diante do campeão francês, esta derrota, e pela forma como foi, cria dúvidas na real capacidade do Sporting.