Rui Costa esteve por três vezes para ser o número 10 do Barcelona

Se há 30 anos a história tivesse sido escrita de forma diferente, e como Rui Costa gostaria, o atual presidente do Benfica poderia hoje ter o Barcelona na lista dos clubes por onde espalhou magia como jogador. O maestro, como era apelidado, esteve com um pé na Catalunha no verão de 1994... mas acabou na Fiorentina. E anos depois voltou a ser tentado mais duas vezes pelo gigante espanhol, mas os destinos acabaram por não se cruzar.Benfica e Barcelona defrontam-se esta quarta-feira no Estádio da Luz, na primeira mão dos oitavos de final da Liga dos Campeões (na fase de liga também mediram forças num jogo louco que terminou com o triunfo dos espanhóis por 4-5). E as vezes que Rui Costa esteve para se transferir para o Barça podem até ser um bom tema de conversa no tradicional almoço entre direções no dia do jogo.Mas vamos à primeira tentativa. Toda a história foi contada pelo próprio há mais de 20 anos, numa entrevista concedida ao jornal catalão Sport, na qual disse que chegou a sentir-se jogador do Barcelona em 1994, mas que na altura Manuel Damásio, presidente do Benfica, recusou a oferta do gigante espanhol.“Falei pessoalmente com o presidente, com Johan Cruijff [treinador na altura] e com Carles Rexach [diretor desportivo]. Eles queriam que eu entrasse face à saída de Micheal Laudrup, que ia para o Real Madrid. Já me sentia jogador do Barcelona, porque tinha tudo acertado, tanto a duração do contrato como as condições económicas”, contou Rui Costa em 2003 ao jornal espanhol Sport.A capa do jornal Sport no dia 30 de maio de 1994, aliás, dizia tudo. Rui Costa vestido com a camisola do Barcelona, um título a dizer “Mais perto”, e uma frase do então jogador: “Desejo muito ao Benfica mas têm que entender que desejo ir para o Barcelona.”. Também por cá, em Portugal, era evidente a pressão que fazia para o Benfica aceitar a oferta do emblema espanhol. “Se isto do Barcelona é tudo verdade... não mereço que o Benfica me corte as pernas”, podia ler-se na capa do jornal A Bola numa edição de maio de 1994.Só que o que parecia estar bem encaminhado não se concretizou. “O presidente do Benfica [Manuel Damásio] disse-me pessoalmente que me transferiria por uma verba e logo mudou e pediu oito milhões de dólares. Nuñez [então presidente do Barcelona] não quis passar de seis, creio, mas no fundo, segundo soube depois, penso que havia problemas entre o presidente e Cruijjf”, contou Rui Costa, que naquele ano acabou por se transferir para a Fiorentina, que ofereceu mais dinheiro ao Benfica, numa novela que também chegou a ter Parma como protagonista.“A nossa obrigação é tentar contratar jogadores de categoria, e Rui Costa é um dos poucos jovens de grande qualidade que há no mercado. Queremo-lo aqui, mas não a qualquer preço”, referiu na altura Johan Cruijff.Anos mais tarde, o empresário Manuel Barbosa, que representava nessa altura Rui Costa, revelou que o jogador acabou por aceitar a oferta da Fiorentina para favorecer o Benfica: “Rui Costa preferiu ir para Florença por amor ao Benfica. Ele já tinha tudo certo com o Barcelona, mas a Fiorentina ofereceu mais dinheiro ao clube, que passava por uma grave crise financeira”, disse o primeiro agente do agora presidente encarnado.Nessa época de 1993-94, na qual Rui Costa podia ter sido reforço do Barcelona, jogavam no clube catalão estrelas como Ronald Koeman, Guardiola, Bakero, Hagi, Romário, Hristo Stoichkov, entre outros.Refira-se que um ano antes, no chamado verão quente de 1993, Rui Costa foi um dos jogadores aliciados por Sousa Cintra para mudar-se para o Sporting. Como contou numa entrevista ao Expresso, os leões ofereceram-lhe 120 mil contos por mês (no Benfica tinha salários em atraso e ganhava 25 mil), mas recusou seguir a mesmo caminho que os colegas Paulo Sousa e António Pacheco.A segunda e terceiras tentativasA segunda tentativa do Barcelona aconteceu na época 1996-97. As partes chegaram a falar, mas a Fiorentina recusou sempre negociá-lo. Isto apesar de Rui Costa, na altura, ter dado várias entrevistas a meios catalães a mostrar a sua disponibilidade para mudar de ares. Em novembro de 1996, por exemplo, a popular revista Don Balon fez manchete com uma frase de Rui Costa: “Prefiro ir para o Barcelona.”. Também o jornal El Mundo Deportivo deu conta da intenção do Barcelona em contar com o jogador: “Outra vez Rui Costa. O Barcelona volta a ter em ponto de mira o craque português, que não está feliz na Fiorentina.”A terceira tentativa aconteceu muitos anos mais tarde, mais concretamente em 2003, tinha Rui Costa 29 anos e jogava no AC Milan sob o comando de Carlo Ancelotti.Na altura, apesar de ser um jogador determinante, começava a ser ofuscado pelo internacional brasileiro Kaká. E em junho de 2003, após vencer a Taça dos Campeões Europeus, o Barcelona voltou a mostrar interesse na sua contratação. Na altura chegou mesmo a ser noticiada uma operação que incluía uma troca de jogadores, envolvendo Thiago Motta no caminho inverso. Mas uma vez mais a transferência não se concretizou.. Depois de sete temporadas na Fiorentina e cinco no AC Milan, Rui Costa regressou ao Benfica em maio de 2006. Ainda atuou duas épocas como jogador, até decidir arrumar as botas e dar início a uma carreira de dirigente, que culminou com a passagem a presidente a 9 de julho de 2021, após a suspensão do então presidente Luís Filipe Vieira. Posteriormente, em outubro desse mesmo ano, venceu as as eleições. O mandato termina em outubro deste ano.

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