A entrada aos adeptos não foi permitida. Perto do recinto apoiantes do Sporting e do Famalicão envolveram-se em desacatos.
A entrada aos adeptos não foi permitida. Perto do recinto apoiantes do Sporting e do Famalicão envolveram-se em desacatos.Miguel Pereira/Global Imagens

Protesto. Polícias metem baixa e obrigam a adiar jogo em Famalicão

Famalicão-Sporting, da 20.ª jornada, não se realizou após um elevado número dos agentes da PSP terem apresentado baixa médica. Pelo meio, registaram-se incidentes graves entre adeptos.
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As equipas já estavam no estádio, os adeptos prontos para entrar mas não houve jogo em Famalicão. A partida do líder Sporting, a contar para a 20.ª jornada da Liga, acabou por ser adiada para uma data a designar. Tudo por causa do protesto das forças policiais - que exigem o pagamento de um subsídio de missão idêntico ao que recebem os inspetores da Polícia Judiciária -, com uma dezena de elementos designados para garantir a segurança na partida prevista para este sábado a apresentarem baixa médica. O pontapé de saída ainda foi transferido das 18.00 para as 19.00 horas mas, sem forças policiais disponíveis, terá de ser dado noutra altura. Certo é que não será este domingo, uma vez que a PSP não pôde garantir que a situação não se iria repetir.

Pelo meio, ainda houve confrontos entre adeptos, com lançamento de pedras, garrafas e cadeiras, nas imediações no Estádio Municipal 22 de junho, que resultaram em vários feridos, o mais grave o Oficial de Ligação dos Adeptos do clube da casa, que teve de receber tratamento hospitalar e se encontrava em observação. Várias viaturas também foram danificadas no meio do caos - que, segundo o diário desportivo Record terá começado quando cerca de 200 adeptos leoninos foram provocando desacatos nas redondezas do recinto, até se cruzarem com seguidores da equipa da casa.
Pouco depois das 19.00, os elementos da comitiva leonina começaram a regressar ao autocarro para regressar a Lisboa -, enquanto os jogadores do Famalicão aproveitaram a ausência de competição para efetuarem um treino.

Não muito longe, no Porto, a receção da equipa de Sérgio Conceição ao Rio Ave acabou por ir em frente, apesar do contingente policial destacado para o Estádio do Dragão se ter apresentado desfalcado, isto segundo informações da Sport TV.

Surpresa em cima da hora

A oficialização do adiamento deu-se perto das 19.30, quando a LPFP (Liga Portuguesa de Futebol Profissional) emitiu um segundo comunicado, descrevendo as circunstâncias que desencadearam todos os acontecimentos. “A Liga Portugal informa que o jogo entre FC Famalicão e Sporting CP, referente à jornada 20 da Liga Portugal Betclic, foi adiado, por acordo dos clubes, para data ainda a definir, depois de ter recebido informações por parte do responsável pela força policial presente no Estádio Municipal de Famalicão de que não existiam condições de segurança para a realização do mesmo hoje [sábado] ou amanhã [domingo]”, começa por referir o documento da instituição presidida por Pedro Proença, garantindo que “na reunião de preparação que organiza na semana que antecede todos os jogos das suas competições, foram garantidas, por parte das autoridades, todas as condições de segurança para a realização da partida, tendo a Liga Portugal sido surpreendida, em cima da hora do encontro, com a informação de que os agentes destacados, como forma de protesto, alegaram baixa médica para não marcarem presença no local, colocando em causa a paz pública e a integridade física dos milhares de adeptos que aguardavam a entrada no recinto, bem como um total desrespeito por todos aqueles que, alguns percorrendo centenas de quilómetros, se deslocaram ao recinto desportivo”.

A instituição garante que, juntamente com os clubes, “despende anualmente milhões de euros para garantir a segurança nas competições profissionais” e está “totalmente empenhada em promover o regresso das famílias aos estádios”. O documento refere ainda que tanto a Liga como os clubes “não admitem que o futebol seja, em virtude da sua enorme visibilidade, instrumentalizado para a resolução de assuntos com os quais não tem qualquer relação, colocando em causa o desenrolar das competições nacionais mas também a “preparação da participação” dos clubes presentes em provas da UEFA. “E. mais grave, a segurança dos adeptos, assinala.

Apurar responsabilidades

“A Liga Portugal exige ao Governo, em especial ao ministro da Administração Interna, a instauração de um processo de inquérito com caráter de urgência, de forma a apurar responsabilidades pelo sucedido […] e informa exigir também nas instâncias próprias, ser ressarcida pelos danos”, finaliza o comunicado, que também “repudia os incidentes” ocorridos enquanto os adeptos aguardavam no exterior do estádio.

Também a PSP reagiu aos acontecimentos deste sábado em comunicado, garantindo ter “planeado e preparado o efetivo policial adequado e necessário para assegurar o normal desenrolar do evento”. Confrontada com a indisponibilidade, a força de segurança “acionou meios policiais de outras unidades de polícia, meios esses que também vieram a comunicar situações de indisposição, com deslocação para unidades hospitalares”, pelo que “foram ainda acionados meios da Força Destacada da Unidade Especial de Polícia no Porto e da Guarda Nacional Republicana, visando reforçar o policiamento ao evento desportivo”. No entanto, devido aos incidentes ocorridos “a PSP, em coordenação com o organizador e o promotor do evento, decidiu que não se encontravam reunidas as condições necessárias para a realização do jogo”.

Entretanto, da parte dos agentes da PSP começou, igualmente, a ganhar forma a possibilidade de levar este tipo de protesto a outros jogos e até ao boicote às eleições de 10 de março.

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