Nico Williams, o Fórmula 1 de Espanha que faz renascer o extremo à moda antiga

Nico Williams tem apelido de carro de Fórmula 1 e faz da velocidade uma das suas armas principais, afinal nos dois jogos que disputou no Euro 2024 tem uma média de 33,96 quilómetros/hora, tendo sido já apanhado a... 34 km/h. Foi peça chave do selecionador Luis De La Fuente na vitória frente à Itália, pois pelo lado esquerdo deu cabo da cabeça ao experiente lateral Di Lorenzo, com os seus dribles e mudanças de direção e velocidade constante. Fez o cruzamento de onde saiu o autogolo de Calafiori e merecia o golo que a trave lhe negou.

Aos 21 anos, Nico Williams é a imagem fiel do jogador em vias de extinção: aquele extremo veloz, autêntico abre-latas, que arrasa qualquer lateral com a sua técnica apurada. Com ele não há amarras, nem jogar em zonas interiores, só vale a bola no pé, enfrentar o adversário e, finalmente, servir o companheiro ou rematar à baliza.

“Acho que foi o meu jogo mais completo pela Espanha.Estou radiante por jogar no Europeu e ter sido considerado o homem do jogo”, disse o jogador do Athletic Bilbau após a sua 16.º internacionalização. 

Nicholas Williams Arthuer é o nome completo do número 17 da Roja. Nasceu em Pamplona, na província de Navarra, a 12 de julho de 2002, mas o nome indica que as raízes são outras. E, de facto, é filho de ganeses que se refugiaram em Espanha, após fugirem da primeira Guerra Civil da Libéria, país onde o casal vivia. Nico seguiu as pisadas do irmão Iñaki, nove anos mais velho, e jogam juntos no Athletic Bilbau , clube onde ambos foram formados. No entanto, Iñaki – nascido em Bilbau – optou por representar a seleção ganesa, por não ter tido oportunidades na principal seleção espanhola.

Aos 21 anos, Nico Williams mostra-se ao mundo e a possibilidade de dar o salto para um clube maior – tem-se falado muito do interesse do Barcelona – está a aumentar de forma exponencial e, na realidade, poderá surgir após o Euro 2024. Para já, o extremo tem contrato até 2027 e diz que o Athletic é a equipa dos seus “sonhos”.

Outro sonho poderá um dia ser concretizado, o de partilhar o balneário com Kylian Mbappé, o seu ídolo... A revelação foi feita num quiz da rádio COPE, no qual foi de imediato questionado sobre se, afinal, deseja jogar no Real Madrid, Nico apressou-se a negar: “Não, não, não...” E meio atrapalhado, atirou algo impossível: “Na seleção! Se ele fosse espanhol.” Da mesma forma que dribla o adversário, o extremo procura também fugir de situações embaraçosas, mas desta não se saiu muito bem. Mais assertivo foi quando questionado sobre a profissão que teria se não fosse futebolista. “Seria fisioterapeuta, sem dúvida.”

Para já brilha em campo, no Europeu, onde promete ser uma das principais estrelas de uma Espanha que é mesmo candidata a conquistar o seu quarto título continental.

carlos.nogueira@dn.pt