O selecionador Roberto Martínez. TIAGO PETINGA/LUSA
O selecionador Roberto Martínez. TIAGO PETINGA/LUSA

Martínez garante que Ronaldo tem condições para jogar todos os jogos do Euro2024

O selecionador português de futebol, Roberto Martínez, considera que João Félix foi o melhor jogador a atuar na Europa no arranque da atual temporada e 'pegou' em João Neves para demonstrar que a "porta da seleção está aberta".
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Cristiano Ronaldo, mesmo com 39 anos, tem condições físicas para disputar todos os jogos do Euro2024 de futebol com a camisola de Portugal, revelou o selecionador Roberto Martínez, em entrevista à Lusa.

"Quando cheguei à seleção, foi um objetivo muito claro ter um relatório, um passaporte de todos os jogadores e do que precisam em termos de recuperação. Não há estatísticas para jogadores como Cristiano Ronaldo e também para Pepe (40 anos). Precisávamos de ter essa estatística. E, agora, temos a certeza que o Cristiano pode jogar dois jogos em quatro dias. Temos uma avaliação muito clara. Não há dúvida disso", divulgou Martínez.

No seu gabinete na Cidade do Futebol, em Oeiras, o técnico espanhol de 50 anos contou que, quando se encontrou pela primeira vez com o avançado madeirense, poucos dias depois de assumir o cargo de selecionador, encontrou uma "pessoa que parecia ter 18 anos".

"É um exemplo de como um jogador dá tudo pela seleção. Disposto a dar tudo pela equipa. Tivemos um apuramento perfeito e o Cristiano foi um capitão muito importante para iniciar este novo período. A minha impressão, quando falei a primeira vez com ele sobre a seleção, foi de uma pessoa de 18 anos. Jovem pela seleção", contou.

No seu primeiro ano como selecionador português, Martínez explicou que viu um Cristiano Ronaldo "rápido e feliz no relvado" e, por isso, não ficou surpreendido pelos 54 golos que marcou em 2023 entre clube (Al Nassr) e Portugal (10 pela equipa lusa).

"Fazer isso num ano, com a idade que ele tem, é uma prova do desempenho que teve. É preciso dar naturalidade aos jogadores e gostei muito também do que encontrei no balneário. Da experiência e do peso que tem", disse.

Mesmo com 40 anos (fará 41 em fevereiro), e depois de ter apenas disputado um jogo (vitória na Islândia por 1-0, na fase de qualificação para o Euro2024), Pepe continua a ser para Roberto Martínez uma forte hipótese para a fase final, sobretudo devido à sua "experiência, atitude e compromisso".

"O Pepe é um jogador muito importante para a seleção. Teve azar nos estágios por causa de lesões. É um jogador contagiante, com enorme experiência e com uma qualidade de balneário muito boa. Até 20 de maio, o período é longo, mas Pepe faz parte da lista dos jogadores que podemos convocar. A sua experiência, a sua atitude, compromisso e isso tudo com a idade que tem é admirável. Tem uma influência incrível", concluiu.

Selecionador nacional, Roberto Martínez
TIAGO PETINGA/LUSA

Selecionador diz que João Félix foi melhor jogador na Europa no arranque da época

 O selecionador português de futebol, Roberto Martínez, considera que João Félix foi o melhor jogador a atuar na Europa no arranque da atual temporada e 'pegou' em João Neves para demonstrar que a "porta da seleção está aberta".

Na mesma entrevista, no seu gabinete na Cidade do Futebol, em Oeiras, o treinador de 50 anos confessou que ficou surpreendido com as criticas que recebeu quando convocou Félix e também João Cancelo para os jogos de setembro (fora com Eslováquia e em casa com Luxemburgo), de apuramento para o Euro2024, numa altura em que os dois jogadores ainda não tinham o futuro definido e estavam há dois meses ou mais sem competir.

"Foi uma surpresa, honestamente. Tenho agora muita experiência em acompanhar jogadores, em preparar estágios e o selecionador e a equipa técnica têm muita informação que não há fora da federação. Fiquei surpreso porque tínhamos muita informação num período muito difícil, em que a maioria dos jogadores estão na pré-época e com futuro instável", explicou Martínez.

O selecionador nacional reforçou que o "talento está sempre presente" e tanto Cancelo como Félix mereceram essa chamada, até pelo que fizeram nos estágios anteriores.

"O que os jogadores fizeram nos estágios anteriores é muito mais importante do que a situação que estão a viver. Ambos deram uma resposta muito boa no relvado. Cancelo, por exemplo, mostrou que estava a um nível muito alto e que não há outro jogador com as mesmas valências", disse.

Para Martínez, após os triunfos na Eslováquia (1-0) e no Algarve, perante o Luxemburgo (9-0), Félix, já com a camisola do FC Barcelona, por empréstimo do Atlético Madrid, foi mesmo o melhor jogador a atuar na Europa nesse período.

"O João Félix, depois desses jogos, foi provavelmente o melhor jogador da Europa em setembro e outubro. Mas, as expectativas para a nossa seleção e as largas opções que temos abrem os comentários a criticas e é preciso aceitar isso", referiu.

Contudo, o avançado de 24 anos perdeu espaço e tem sido recentemente relegado para o banco de suplentes da equipa de Xavi, situação que Martínez entende devido à instabilidade da sua situação contratual.

"A passagem de Félix pelo Chelsea ajudou muito à sua formação, mas precisa de uma situação estável. Ele está emprestado e isso não é uma situação estável. Tem sido determinante no FC Barcelona e, sempre que entra, faz golos ou assistências. Precisa de estabilidade", reforçou.

A convocatória de setembro do ano passado fez também levantar críticas apontando que a seleção seria um grupo fechado, mas Martínez utilizou a situação de João Neves - médio de apenas 19 anos do Benfica, que apareceu nas escolhas um mês depois, para os encontros com Eslováquia (desta vez no Porto) e na Bósnia-Herzegovina - para demonstrar o contrário.

"Foi uma surpresa. É um exemplo do que temos no futebol português e da sua estrutura de formação. A seleção é um espaço muito competitivo, mas também tem a porta aberta para quando um jogador merece lá estar. Foi o caso do João Neves. É um exemplo para todos os jogadores jovens e que mostra que a porta está sempre aberta", frisou.

Bruno Fernandes fez um apuramento "perfeito"

O médio Bruno Fernandes fez um apuramento "perfeito" com Portugal e foi determinante no trajeto de 10 vitórias em 10 jogos no caminho para o Euro2024 de futebol, considerou o selecionador nacional.

O técnico espanhol de 50 anos apontou o triunfo na Bósnia-Herzegovina (5-0) como o ponto alto da qualificação lusa, mesmo com um histórico 9-0 imposto ao Luxemburgo nessa fase, e relembrou que Portugal foi a única equipa a vencer todos os jogos no caminho para o Europeu da Alemanha.

"É muito difícil ganhar 10 jogos num apuramento. Fiz isso com a Bélgica e sei que é preciso ter uma equipa muito focada, que dá tudo. Neste apuramento, ninguém mais teve 10 vitórias. Não jogámos com seleções que tenham o mesmo nível individual dos nossos jogadores, mas a dificuldade está lá e as pessoas do futebol percebem isso. Depois, os adeptos e outros têm a sua opinião, e isso é saudável", disse.

Bruno Fernandes esteve em todos os jogos do Grupo J, sempre como titular, assinando seis golos e oito assistências, numa qualificação em que Cristiano Ronaldo foi o melhor marcador luso, com 10.

"O Bruno tem liderança. Durante o jogo, tem um cérebro muito ativo e consegue apreciar constantemente o que está a acontecer no relvado. Tem uma capacidade de leitura muito, muito alta. E, pode atuar em varias posições. Fez um apuramento perfeito e teve um papel muito importante. Jogou em quatro posições diferentes a um nível muito alto", explicou.

Nesse trajeto para o Euro2024, Portugal 'esmagou' o Luxemburgo no Algarve, na maior goleada de sempre da história da seleção nacional, mas, para Martínez, o "jogo perfeito" foi na Bósnia, numa fase em que a equipa das 'quinas' já tinha assegurada a qualificação.

"Na Bósnia, o adversário tinha mais necessidade de ganhar do que nós. Estávamos apurados e não precisávamos de estar perfeitos. Jogámos os primeiros 45 minutos com os valores de que eu gosto. Competitividade, objetividade, qualidade no ataque rápido. Foi o jogo que deu mais satisfação. Fomos perfeitos com Luxemburgo do primeiro ao último minuto, mas precisávamos de ganhar. Contra a Bósnia podíamos escolher jogar bem ou não. Jogámos bem. E, gostei muito disso", concluiu.

Portugal conquistou o Grupo J com o máximo de 30 pontos, com um recorde de 36 golos marcados e apenas dois sofridos, na melhor campanha de sempre da seleção lusa em que qualquer fase de apuramento para Europeu ou Mundial.

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