Desporto
05 março 2022 às 23h47

Varandas reeleito presidente do Sporting com 85,8% dos votos

"Venceu a estabilidade do Sporting Clube de Portugal", disse Varandas na reação aos resultados, lembrando que há 40 anos que um presidente do clube não cumpria um segundo mandato.

DN

Frederico Varandas foi este sábado reeleito presidente do Sporting com 85,8%, correspondendo a 64.509 votos, anunciou Rogério Alves, presidente cessante da Mesa da Assembleia Geral.

O antigo diretor clínico dos leões superou os concorrentes Ricardo Oliveira (lista B) e Nuno Sousa (lista C), que obtiveram 2,95% (2.216 votos) e 7,3% (5.408), respetivamente.

O ato eleitoral, que se realizou das 09:00 às 20:00, contou com a votação de 14.795 sócios, dos quais 12.272 no Pavilhão João Rocha e 2.523 por correspondência.

A lista A, de Frederico Varandas, foi escolhida por 12.523, a lista B por 415 e a C por 1.335.

Segundo Rogério Alves, foram registados 2.952 votos brancos, correspondendo a 513 sócios, e 20 nulos, de nove sócios.

Em setembro de 2018, Varandas, antigo diretor clínico dos leões, foi eleito o 44.º presidente do Sporting, com 42,32% dos votos contra 36,84% de João Benedito, com José Maria Ricciardi a ter 14,55%, seguido de Dias Ferreira (2,35%), Fernando Tavares Pereira (0,9%) e Rui Jorge Rego (0,51%).

Nesse ano, o sufrágio atingiu um máximo histórico de votantes com 22.510 sócios a exercer o seu direito de voto.

Neste ato eleitoral, os sócios votaram para uma lista única, que englobou os três órgãos sociais do clube, Mesa da Assembleia Geral (MAG), Conselho Diretivo (CD) e Conselho Fiscal e Disciplinar (CFD) e respetivos presidentes.

"Venceu a estabilidade do Sporting Clube de Portugal", disse Varandas na reação aos resultados, lembrando que há 40 anos que um presidente do clube não cumpria um segundo mandato. "Esta vitória de hoje não tem um nome, não é do presidente, nem dos órgãos sociais, é da estabilidade", acrescentou, dizendo que assim se põe fim a "quatro décadas de autodestruição".

"Não vou prometer títulos, vou prometer sim que daqui a quatro anos eu e a minha equipa vamos entregar o Sporting ainda melhor do que está hoje", indicou.

"Houve presidentes do Sporting reeleitos. O que não aconteceu é que tenham cumprido dois mandatos. Hoje, oito anos é muito. Para mim será, para mim, para quem me rodeia, para quem sofre ao meu lado. Muito mal estaria o Sporting se estivesse aqui um presidente 40 anos", adiantou, assumindo esta nova responsablidade: "Vencer com 42% ou 86% não muda nada. Por um voto se ganha, por um voto se perde. A responsabilidade é enorme. Sinto-me muito pequenino ao pé deste clube, do tamanho, da história. É assim que me quero sentir daqui em diante. A responsabilidade é a mesma."

Veja aqui a composição da lista de Frederico Varandas.

O candidato da Lista C às eleições dos órgãos sociais do Sporting, Nuno Sousa, que foi derrotado por Frederico Varandas, criticou hoje a elevada abstenção no sufrágio do clube e disse que "muito provavelmente" será candidato em 2026.

"Obrigado aos sportinguistas que nos acompanharam nos dois últimos anos e, mesmo com a bola a entrar, confiaram que seríamos a alternativa. Agradeço a todos os que puderam vir votar, mas tivemos 73% de abstenção. É uma quebra gigante da militância sportinguista. Nem convocando as eleições para um dia de jogo consegue disfarçar", declarou o candidato, que reuniu 7,3% das preferências leoninas, à RTP.

O candidato da Lista B aos órgãos sociais do Sporting, Ricardo Oliveira, disse que não esperava "qualquer resultado", depois dos 2,95% conseguidos nas eleições, e que vai "continuar por aqui, sempre atento".

"Não tinha nenhuma expectativa de qualquer resultado", admitiu o candidato a presidente, que obteve 2,95% dos votos, em declarações à RTP.

"Os sócios pronunciaram-se e, no Sporting, os sócios são soberanos e têm sempre, mas sempre, razão. Quero deixar os meus parabéns à lista liderada por Frederico Varandas e desejar a maior das sortes, a maior felicidade", declarou, a partir da sede da campanha.

Oliveira mostrou-se "à disposição da direção para contribuir com propostas e soluções" e afirmou desejar um Sporting "melhor e mais forte", que "caminhe no sentido da transparência, do diálogo e do estreitar das relações com os sócios".

"A todos os que votaram na Lista B, deixo uma garantia: vou continuar por aqui, sempre atento e empenhado na defesa intransigente do Sporting Clube de Portugal", atirou, no final de uma declaração escrita que leu.

Frederico Varandas resistiu a um dos períodos mais conturbados da história do Sporting e foi no sábado reeleito presidente do clube, impulsionado pela histórica conquista do título português de futebol e o estado de graça do treinador Rúben Amorim.

Médico de profissão, Varandas tornou-se o 44.º presidente do Sporting em 08 de setembro de 2018, no rescaldo do ataque à Academia do clube, em Alcochete, e não teve um início fácil, em especial no futebol, a força motriz do clube lisboeta, apesar da conquista da Taça de Portugal e da Taça da Liga de 2018/19, sob o comando de Marcel Keizer.

O treinador neerlandês foi a primeira aposta do líder sportinguista, de 42 anos, que tinha 'herdado' José Peseiro da comissão de gestão anterior, mas Varandas só acertou à terceira, quando contratou Rúben Amorim ao Sporting de Braga, depois do falhanço de Silas (Tiago Fernandes e Leonel Pontes foram interinos).

Apesar de ter entrado em Alvalade envolto em polémica, devido ao pagamento de uma elevada cláusula de rescisão (10 milhões de euros), o atual técnico 'leonino' conseguiu justificar o investimento ao oferecer ao Sporting o título nacional na época passada, que lhe escapava desde 2002.

Foi também sob o comando de Rúben Amorim que o Sporting conquistou as duas últimas edições da Taça da Liga, elevando para cinco o número de títulos alcançados no futebol por Frederico Varandas, e as modalidades também conheceram sucesso considerável, com destaque para os troféus europeus no futsal e hóquei em patins.

Se em 2018 Varandas foi eleito com 42,32% dos votos, no ato eleitoral mais participado de sempre, com 22.510 sócios votantes, no sábado foi reeleito com 85,8% dos votos, numa eleição que contou com a votação de 14.795 sócios.

A decisão de assumir uma candidatura à presidência do clube pelo qual sofre desde os três anos foi tornada pública apenas quatro dias depois da derrota (2-1) do Sporting diante do Desportivo das Aves, na final da Taça de Portugal, disputada sob o efeito do ataque a jogadores por adeptos do clube em plena Academia, em Alcochete, em 15 de maio de 2018.

No relvado do Estádio Nacional, em Oeiras, o até então diretor clínico do clube consolou as lágrimas de vários jogadores do Sporting, depois de ter vivido com eles a invasão à Academia, e amadureceu a vontade de suceder a Bruno de Carvalho, que viria a ser destituído da presidência em Assembleia Geral, em 23 de junho de 2018, e a Artur Torres Pereira, que liderou a comissão de gestão.

Ao dar o primeiro passo para as eleições, ganhou um peso entre os sócios que se revelou decisivo para a vitória, com 42,32%, superando João Benedito (36,84%), José Maria Ricciardi (14,55%), Dias Ferreira (2,35%), Fernando Tavares Pereira (0,9%) e Rui Jorge Rego (0,51%).

Varandas, que foi diretor clínico dos 'leões' entre 2011 e 2018, quebrou uma 'linhagem' de gestores e advogados na presidência do clube nas últimas décadas. A esse percurso junta também a faceta de militar, tendo estado presente na guerra do Afeganistão, onde sofreu à distância e acompanhou pela rádio o triunfo (2-0) do Sporting sobre o FC Porto na final da Taça de Portugal, em 18 de maio de 2008.

Natural de Lisboa, Frederico Varandas tornou-se sócio do Sporting pela mão do avô logo em 1980, o ano a seguir ao seu nascimento e que ficou também marcado pela conquista do título de campeão nacional (desde então voltou a fazê-lo mais quatro vezes, a última no ano passado).

Uma marca que moldou a sua paixão e orientou a ambição de recolocar o Sporting na rota dos êxitos, ao mesmo tempo que tentava reequilibrar a situação financeira do clube, depois da instabilidade criada na fase final da gestão de Bruno de Carvalho.

Virada a página sobre os cinco polémicos anos de liderança de Bruno de Carvalho, o Sporting abriu um novo ciclo para o futuro. Formado em Reabilitação pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Lisboa, coube-lhe a tarefa de reabilitar um clube profundamente abalado pelo ataque a Alcochete.