A Volta a Portugal com o início mais duro de sempre começa hoje com dois grandes candidatos

Arranca esta quarta-feira a 85.ª edição da Volta a Portugal em bicicleta (transmissão na RTP), com um prólogo em Águeda e com final previsto para 4 de agosto em Viseu, numa prova onde há vários nomes com aspirações à vitória, com o suíço Colin Stüssi (Vorarlberg) e o uruguaio Mauricio Moreira (Sabgal-Anicolor) à cabeça. No total serão de 1540,1 quilómetros, com 32 Prémios de Montanha e 27 Metas Volantes.

Com um início de prova particularmente exigente, marcado pelo facto de a primeira, terceira e quarta etapas terminarem em alto, a tirada inaugural assinala o regresso ao Observatório de Vila Nova (Miranda do Corvo), no terceiro dia será a ascensão à Torre e no dia seguinte, a anteceder o descanso, o sempre temido final no empedrado da Guarda.

As primeiras etapas vão ser muito duras, com duas chegadas de montanha nas primeiras três etapas em linha. Joaquim Gomes, diretor da prova, disse mesmo que “será o início mais exigente de sempre da Volta a Portugal”. Uma alteração que obrigará a novo figurino tático para as equipas que querem disputar a geral final, com alguns candidatos a poderem ficar já de fora após o Observatório (2.ª etapa) - depois da Torre, ao quarto dia de competição, muito do Top-10 deverá estar já definido.

Destaque, pelo simbolismo, para a segunda etapa, na sexta-feira, que vai ligar Santarém a Lisboa, em memória do capitão Salgueiro Maia, uma forma de associar a prova às celebrações dos 50 anos do 25 de Abril. A tirada mais longa, a antepenúltima, vai ligar Viana do Castelo a Fafe, com uma extensão de 182 quilómetros.

Viseu, que tinha acolhido o arranque em 2023, serve este ano de pano de fundo para o último ato da 85.ª edição, com 26,6 quilómetros de crono  que farão as últimas diferenças entre ciclistas, na oitava vez em que a corrida termina nesta cidade, este ano Cidade Europeia do Desporto.

Certo é que este ano, em muitas etapas, os ciclistas terão de lidar com o forte calor que se prevê para os 11 dias de competição.

Os principais favoritos

Após vários anos com equipas portuguesas a vencer, Colin Stüssi inverteu a tradição ao conquistar a prova em 2023, e caso triunfe iguala o feito de Gustavo Veloso, o último ciclista a triunfar em dois anos consecutivos (2014 e 2015). Muito bom em montanha e hábil no contrarrelógio, regressa com um bloco da Vorarlberg reforçado em torno de si.

Maurico Moreira, o corredor uruguaio da Sabgal-Anicolor que venceu a Volta em 2022 e confirmou o estatuto de figura de proa do pelotão nacional, exímio no contrarrelógio e capaz de se defender na montanha, promete ser um rival à altura. Familiarizado com a pressão de ser líder da Volta, sabendo o que é andar com a camisola amarela, aos 29 anos é um dos grandes candidatos a vencer uma segunda vez.

Entre os favoritos estão também o equatoriano Jonathan Caicedo (Petrolike), os espanhóis Delio Fernández (AP Hotels & Resorts-Tavira-Farense) e Luis Angel Maté (Euskaltel-Euskadi) e o russo (Artem Nych Glassdrive-Q8-Anicolor). Caicedo, de 31 anos, dispensa apresentações, uma vez que é um ciclista de categoria WorldTour, escalão em que corria até 2023, quando trocou a EF Education-Easy Post, com a qual venceu uma etapa na Volta a Itália em 2020, pela desconhecida Petrolike.

Entre os portugueses, António Carvalho (ABTF-Feirense) é provavelmente um dos maiores nomes, que sabe perfeitamente o que é subir ao pódio final da Volta a Portugal, mas sempre no degrau menos desejado, por ter sido terceiro em 2022 e 2023, estando agora livre da condição de gregário que lhe marcou parte da carreira.

O vencedor da montanha em 2014 e de três etapas, duas delas na Senhora da Graça, é um grande trepador que lidera uma ABTF-Feirense reforçada e apostada em levá-lo um passo mais longe. Mas há que contar também com Frederico Figueiredo (Sabgal-Anicolor), de 33 anos, um trepador puro que deu meia Volta a Mauricio Moreira, em 2022, e que foi terceiro em 2020, Luís Fernandes (Credibom-LA Alumínios-Marcos Car), que foi quarto em 2022, e Henrique Casimiro, 38 anos, um veterano para quem a Volta a Portugal e a maior parte dos percursos não tem segredos.  

Com Lusa