Björn Andrésen tornou-se uma figura mítica do cinema em 1971, quando, aos 15 anos, deu vida a Tadzio em Morte em Veneza, de Luchino Visconti. O realizador italiano, fascinado pela beleza do jovem sueco, apresentou-o ao mundo, na antestreia do filme, como “o rapaz mais belo do mundo”, um título que o acompanharia para sempre, com mais peso do que glória.A morte do ator e músico sueco, aos 70 anos, foi dada a conhecer esta segunda-feira, 27 de outubro. A notícia foi confirmada pelo realizador Kristian Petri ao jornal sueco Dagens Nyheter. As causas da morte não foram divulgadas. Andrésen deixa uma filha, Robine, fruto do casamento com a poetisa Susanna Roman.Nascido em Estocolmo, em 1955, Björn Andrésen viveu uma juventude marcada por tragédias familiares: perdeu o pai em criança e a mãe suicidou-se quando ele tinha apenas dez anos. . Como lembra o jornal italiano La Repubblica, o sucesso repentino no cinema também não lhe trouxe paz. Anos mais tarde, o ator descreveu mesmo a experiência com Visconti como “traumática”, dizendo-se exposto a um ambiente adulto e cruel para o qual não estava preparado. “Senti-me como um animal exótico numa jaula”, disse numa entrevista ao The Guardian em 2003.Depois de Morte em Veneza, Andrésen tentou reinventar-se como músico. Tocou piano, compôs, e chegou a tornar-se uma pequena sensação pop no Japão, onde gravou discos e participou em programas de televisão. O seu rosto inspirou a autora de manga Riyoko Ikeda na criação do icónico personagem andrógino Lady Oscar.A sua vida, no entanto, continuou marcada por perdas: o filho, Elvin, morreu com apenas nove meses, vítima de morte súbita.Em 2021, o documentário O Rapaz Mais Belo do Mundo, realizado por Kristian Petri e Kristina Lindström, trouxe-o novamente ao centro das atenções. A obra, exibida no Festival de Sundance, revelou o homem por trás do mito: vulnerável, lúcido e cansado de carregar o fardo de uma imagem que nunca escolheu.Kristian Petri, realizador e amigo de longa data, recordou-o como alguém “gentil e reservado”, que nunca conseguiu libertar-se totalmente da sombra do seu papel em Morte em Veneza. “Era uma beleza que o mundo não o deixou esquecer”, disse. Um título que se tornou maldição.