Nuno Vassallo e Silva, presidente do CCB, ao centro, com a administradora Madalena Reis (à esquerda) e Cláudia Belchior  (à direita), que apresentou a programação das artes performativas.
Nuno Vassallo e Silva, presidente do CCB, ao centro, com a administradora Madalena Reis (à esquerda) e Cláudia Belchior (à direita), que apresentou a programação das artes performativas. Reinaldo Rodrigues

CCB apresenta nova temporada. Programação das artes performativas tem assinatura de Aida Tavares

Anterior diretora artística de artes performativas do CCB foi afastada do lugar, mas Nuno Vassallo e Silva, presidente da instituição, não explica porquê. Nova direção será anunciada em novembro.
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A administração do Centro Cultural de Belém (CCB) apresentou esta quarta-feira, dia 10 de setembro, a programação da temporada 2025/2026 para as várias áreas artísticas, teatro, dança, música não erudita, música erudita e Fábrica das Artes. Na área das artes performativas, a programação apresentada é da responsabilidade da anterior diretora artística, Aida Tavares, que deixou a instituição em julho deste ano.

Aida Tavares disse à agência Lusa, na altura, que a sua saída do cargo foi uma "decisão unilateral da administração" e que "não foi acompanhada por qualquer justificação". 

Questionado na apresentação da nova programação pelo DN sobre as razões que levaram ao afastamento de Aida Tavares, o presidente do CCB, Nuno Vassallo e Silva, respondeu que "não queria individualizar muito a questão" e lembrou antes que há "um concurso para um novo perfil".

O concurso internacional para a direção de artes performativas do CCB foi anunciado em junho, com Aida Tavares ainda em funções, e o prazo para candidaturas termina no dia 15 de setembro. O novo diretor deverá ser anunciado na primeira quinzena de novembro.

Aida Tavares veio ocupar um cargo novo no CCB em dezembro de 2023 e entrou pela mão da anterior presidente, Francisca Carneiro Fernandes, que foi substituída pela então ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, em dezembro de 2024.

Nuno Vassallo e Silva considera que o lugar de diretor de artes performativas, que foi criado com a entrada de Aida Tavares, deve continuar a existir. "O CCB tem uma diretora artística no museu e considerámos manter a existência deste lugar. Pode ter no futuro alguns acertos, mas foi uma decisão do Conselho. O CCB sempre teve um diretor artístico, mesmo que não fosse com essa designação, do ponto de vista das artes performativas", sublinhou o presidente do CCB.

O conselho de administração do CCB está reduzido nesta altura a dois membros, Nuno Vassallo e Silva e a administradora Madalena Reis (que terá de ser reconduzida para novo mandato). Delfim Sardo, administrador com o pelouro da programação, saiu em abril deste ano invocando razões pessoais.

Madalena Reis mostra disponibilidade para continuar na administração do CCB, mas será uma decisão da ministra da Cultura, que terá de nomear também pelo menos mais um administrador.

A programação de teatro e dança foi apresentada por Cláudia Belchior, coordenadora geral executiva da direção de artes performativas, que destacou alguns dos espetáculos para os próximos meses. Já nos dias 12 a 14 estreia da ópera Adilson, encomendada pela BoCA - Bienal de Artes Contemporâneas ao músico Dino D'Santiago, e coproduzida pelo CCB, e que "está praticamente esgotado".

Trata-se de história de um imigrante que está em Portugal há 40 anos e ainda não conseguiu a cidadania. O músico assina a encenação, o libreto (a partir do texto original Serviço Estrangeiro de Rui Catalão) e a composição musical.

No teatro, Cláudia Belchior destacou "dois olhares contemporâneos" sobre Anton Tchékhov. Um deles é o projeto Só Mais Uma Gaivota, da Formiga Atómica, que estará de 18 a 21 e de 25 a 28 setembro de 2025 no Pequeno Auditório do CCB. O texto, com excertos de A Gaivota de Tchékhov é de Inês Barahona e Miguel Fragata, que também encena a peça. O outro é Ansioliticamente falando, de Raquel Castro, texto que também parte de A Gaivota de Tchékhov para se transformar noutra coisa.

A obra do dramaturgo Ibsen foi ponto de partida para dois outros projetos. Um deles é Um inimigo do povo, de Marco Martins, que parte da operação especial de prevenção criminal que aconteceu na Rua do Benformoso, em Lisboa, em que 60 imigrantes, sobretudo do subcontinente asiático, foram encostados à parede. Trata-se de uma reflexão sobre questões de "justiça, cidadania e exclusão" e que "envolve a comunidade bengali", sublinhou Cláudia Belchior. Estará no Grande Auditório de 13 a 15 março 2026.

A obra do dramaturgo norueguês também inspirou Um julgamento - depois do Inimigo do Povo, de Henrik Ibsen, dirigido por Christiane Jatahy, previsto para 2 a 4 julho de 2026.

O espetáculo Lacrima, de Caroline Guiela Nguyen, ocupará o Grande Auditório nos 9 e 10 janeiro de 2026 e aborda as condições de trabalho e no mundo da moda de luxo. Trata-se de um espetáculo em francês e com cenas em tâmil, inglês e língua gestual, que será legendado em português.

Na dança destaque para Vera Mantero, que ao CCB 30 anos depois com a peça Poesia e Selvajaria (estreada em 1998 no Pequeno Auditório do CCB), nos dias 8 e 9 janeiro de 2026, e que traz também a peça O Corpo Pensante, de 3 a 7 fevereiro, na Black Box.

Marco da Silva Ferreira entra no programação com a peça F*cking Future, de 20 a 22 fevereiro de 2026, no Grande Auditório.

No campo da música erudita, o CCB procurou formatos para aproximação ao grande público, com conversas pré-concertos e também concertos comentados. No total serão 44 espetáculos espalhados por cinco ciclos, como o ciclo Orquestras ou Ciclo Sexta Maior.

Haverá concertos para piano de Chopin da Orquestra Metropolitana de Lisboa e François-Frédéric Guy, no dia 21 setembro5, danças sinfónicas de West Side Story com a Orquestra Metropolitana de Lisboa e Christian Vásquez, no dia 9 novembro, ou, no próximo ano, As Quatro Estações de Vivaldi pela Camerata de Salzburgo e Janine Jansen, no dia 27 abril, que terá uma conversa pré-concerto com o próprio programador, Cesário Costa.

No campo da música não erudita, no jazz, vai ser possível ouvir Mário Laginha no dia 6 fevereiro de 2026, e também músicos da nova geração, como o projeto Old Mountain de Pedro Branco e João Sousa, com Tony Malaby (7 de março de 2026), ou os Garfo, formado por quatro músicos, Bernardo Tinoco, João Almeida, João Fragoso e João Sousa (11 abril de 2026).

O André Rosinha Trio apresentará o novo álbum, Raiz, no dia 3 julho do próximo ano.

Ainda na área da música, continuará o ciclo Há Fado no Cais, no âmbito do qual Teresinha Landeiro atuará já no próximo dia 19 de setembro, no Grande Auditório. Seguir-se-ão os fadistas José Geadas (28 novembro de 2025), Vanessa Alves (14 fevereiro de 2026), Ana Sofia Varela (28 março de 2026) e José Manuel Neto (2 maio de 2026).

Veja aqui a programação completa da temporada 2025/2026 do Centro Cultural de Belém.

Muitos dos espetáculos programados para os próximos meses terão interpretação em língua gestual portuguesa, pois a acessibilidade é uma das prioridades da instituição (assim como a sustentabilidade), vincou a administradora Madalena Reis. A política de bilhética, referiu, visa garantir que "todos tenham acesso ao CCB". A administradora lembrou o Cartão CCB que garante a quem tem até 25 anos acesso gratuito às exposições do Museu de Arte Contemporânea e 30% de desconto nos espetáculos produzidos e coproduzidos pelo CCB.

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