Rastreios à hipertensão no São João de Évora

Rastreios à hipertensão no São João de Évora

Évora foi a sétima capital de distrito por onde passou a campanha “Pela Saúde de Portugal”, iniciativa da Sociedade Portuguesa de Hipertensão (SPH) e da farmacêutica Servier englobada na Missão 70/26.
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As duas instituições têm o objetivo de atingir a meta dos 70% de doentes hipertensos vigiados e controlados, em Portugal, até 2026. A hipertensão arterial (HTA) é o fator de risco mais comum para a mortalidade causada pelas doenças cardiovasculares. Um dia depois da chegada do verão e em plenas festas de São João, a cidade Património Mundial da UNESCO recebeu, no último sábado, o posto móvel da campanha de rastreios da Sociedade Portuguesa de Hipertensão. Estacionada frente à Igreja de São Francisco, na Praça 1º de Maio, no centro histórico, a carrinha e os profissionais de saúde que participaram no rastreio começaram a receber os eborenses e tantos outros que aproveitaram o fim de semana das festas para visitar a cidade. Às 10 da manhã os termómetros já assinalavam 25 graus. Várias pessoas junto ao Mercado Municipal aproveitavam para fazer compras, enquanto outras paravam para beber café. É muitas vezes de boca em boca que a mensagem passa e o Sr. Fernando, sorridente, dizia ter sido foi um bom divulgador da iniciativa. “Já chamei várias pessoas, - olhe, vêm aí mais dois”, disse no vai e vem entre o mercado e a carrinha de rastreio. Com tanta energia ninguém diria que Fernando Ramos tem 80 anos. Foi dos primeiros a fazer o rastreio. Os bons resultados obtidos comprovam que o acompanhamento regular, de seis em seis meses, pelo médico de família e as boas práticas diárias resultam. “Vê? Estão ótimos mesmo… muito bem”, disse-lhe satisfeita a médica Francisca Abecasis, a representante da SPH no rastreio de Évora.

Ali por perto estava também o septuagenário Marcos Santiago convencido pelo amigo Ramos para fazer a “picadinha” no dedo e que possibilita a análise rápida. “É sempre bom colaborar com estas iniciativas que fazem serviço de utilidade pública à população. Fiquei muito feliz por ter sido atendido de maneira tão simpática. A equipa foi maravilhosa e os meus resultados também foram bons, por isso saio daqui bastante satisfeito”.

É sempre bom colaborar com estas iniciativas que fazem serviço de utilidade pública à população. Fiquei muito feliz por ter sido atendido de maneira tão simpática. A equipa foi maravilhosa e os meus resultados também foram bons, por isso saio daqui bastante satisfeito”.

Alentejo tem pouco controlo da doença

Nesta ação em Évora cerca de 40 pessoas aceitaram fazer a despistagem da hipertensão arterial, mas, no fundo, foram avaliados três parâmetros. Nos dois postos de atendimento foi medida a tensão arterial, - repetida sempre três vezes para garantir o valor mais correto, foi feita a avaliação do perfil lipídico de cada utente e foi calculado o índice de massa corporal (IMC), através do peso, altura e perímetro abdominal. Cada participante foi sempre acompanhado por um dos cinco médicos que se voluntariaram para o rastreio.  

Muitas pessoas estavam desinformadas em relação ao risco cardiovascular, ao controlo da hipertensão e também à dislipidemia, ou seja, o colesterol”, contou Andreia Sousa que acompanhou ao longo da manhã diferentes utentes. A médica considera que após a avaliação, as primeiras conversas já revelam mais serenidade. “As pessoas ficam bastante tranquilas quando conseguem ter uma noção dos valores e quando vêm alguma melhoria em relação a análises prévias”. Na pequena amostra da realidade alentejana, os níveis de tensão arterial até se mostraram bastante mais controlados do que a média regional, mas relativamente aos valores lipídicos notaram-se alguns utentes surpreendidos porque julgavam ter menos peso e os níveis de colesterol mais controlados.

Francisca Abecasis, médica e secretária adjunta da região sul da Sociedade Portuguesa de Hipertensão, garante que no Alentejo os doentes têm pouco controlo da hipertensão arterial. “Sabemos que a média está entre os 40 e os 50% e, por isso, queremos melhorar. Estar perto da população e fazer estes rastreios permite alertar e tirar algumas dúvidas sobre a doença e os riscos associados”. Andreia junta-se de novo à conversa para reforçar a necessidade de suprimir algumas deficiências regionais “Há efetivamente alguns problemas na logística e nos acessos aos cuidados de saúde, seja em termos de transporte até às unidades de saúde, seja em relação à frequência das consultas. Além disso, algumas pessoas têm uma atitude mais permissiva, sabem que têm os problemas, mas não tomam a iniciativa de procura cuidados médicos de forma regular”.

A campanha “Pela Saúde de Portugal” que segue agora para Faro onde vai estar a 20 de julho permite, de forma simples e informal, aproximar a população dos cuidados de saúde primários e encaminhar, se necessário, os pacientes para a consulta com o médico de família.

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