A utilização das redes sociais por adolescentes é radicalmente diferente da que é feita pelos adultos. Basta seguir o comportamento de familiares mais novos, ou ver o que fazem os amigos dos amigos para perceber como o mundo da tecnologia é encarado de forma diferente. . Josh Miller, o co-fundador de uma empresa que começou com o patrocínio do Twitter, Branch, usou o exemplo da sua irmã mais nova para perceber como as mentes mais jovens funcionam em cada rede. Eis a minha experiência: . Twitter . Tornou-se na plataforma principal para o exercício do "fangirling". Ou seja, a prática da perseguição digital de uma banda, cantor, ator, série de televisão, filme. A quantidade de adolescentes de 13 ou 14 anos que passam o dia na rede social a escrever tweets aos seus ídolos numa tentativa de que eles "reconheçam" a sua existência é perturbadora. Entra-se num mundo em que conseguir uma resposta, um "retweet" ou mesmo um "follow" do ídolo é a maior conquista do ano. Muitos entram numa espiral obsessiva de tal ordem que tudo gira em torno de conseguir "ser notado". Por outro lado, os insultos trocados nesta rede são levados demasiado a sério e quem tem um grande número de seguidores que não segue de volta é considerado uma "celebridade do Twitter." . Ponto final: o Twitter personaliza uma nova forma de relacionamento com as pessoas, sendo que a maioria dos contactos são desconhecidos que nunca se viu na vida real . Facebook . Os exercícios de "fangirling" (que, atenção, serve para rapazes e raparigas) são mais comedidos nas páginas de perfil, mas não nos grupos.O Facebook é visto como uma rede de resultados mais lentos: a pessoa publica algo e por vezes ninguém comenta durante horas. No Twitter, uma publicação tem feedback imediato. Também é usado para enviar mensagens indiretas, criticar e afirmar a personalidade (ou fingir uma). O nível de insultos é muito mais pessoal que noutras redes. . Ponto final: o Facebook implica relações pessoais mais complexas e pode ter efeitos mais construtivos ou destrutivos no crescimento dos adolescentes . Instagram . É uma rede de grande consumo das fotos das celebridades e, tal como Josh Miller aponta, muitas fotos pessoais - ao contrário dos utilizadores mais velhos, que gostam de publicar fotos de paisagens, comida e coisas abstratas. A forma como os filtros agem cria a ideia de uma vida diferente, ou espelha a intenção de uma vida mais rica. É, por excelência, o que os adolescentes querem. . Ponto final: apesar do susto com a mudança da política de privacidade, o Instagram é a rede com maior potencial de crescimento . Mensagens instantâneas . Com o fim do messenger e o surgimento de redes de contacto permanente, plataformas de "chat" já não são tão populares. Quando os miúdos querem falar uns com os outros usam o Whats App, o iMessage se tiverem iPhones ou a nova Snapchat (que o Facebook está a tentar copiar). Curiosamente, os adolescentes não são tão adeptos do messenger do Facebook como os utilizadores mais velhos. . Ponto final: para esta demografia, a conversa instantânea tem outro significado . Snapchat . É uma rede social que permite enviar fotos que se autodestroem em segundos. Porque são secretas ou porque são apenas uma coisa engraçada, que não merece ocupar espaço no telemóvel e não faz sentido publicar para toda a gente vê. Uma "private joke" para enviar ao melhor amigo, por exemplo. A foto do traseiro do rapaz que está à frente na fila. A Snapchat está a crescer tanto que o Facebook decidiu transformar o Poke numa aplicação nativa, embora sem grande sucesso. . Ponto final: Sim, isto vai ser grande em 2012 . Tumblr . É quase aspiracional. O número de adolescentes que consomem conteúdo mas não o produzem no Tumblr é incomparável com as outras redes. Ali republicam-se as criações dos mais dotados ou engraçados, que fazem sobretudo montagens fotográficas e gifs - um tipo de animação que mostra, por exemplo, dois segundos da queda de alguém famoso em repetição. A ligação entre o Tumblr e o Twitter faz com que muitas vezes o que se publica num seja apenas o feed do que se faz no outro, conforme o que for preferido. . Ponto final: quando crescerem, os adolescentes vão trocar o Tumblr pelo Instagram, se ainda não o usam