CIP insiste para que governo reduza impostos da energia

Confederação alerta que aumentos dos custos não podem ser repercutidos nos preços e pede medidas para evitar crise social.
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A Confederação Empresarial de Portugal (CIP) insiste para que o governo reduza a carga fiscal da energia, alertando em particular para a situação das empresas do sector industrial mais dependentes do gás natural e para a impossibilidade de as subidas de preços serem repercutidas no consumidor português.

"A enorme fatia de impostos que integram a composição de preço dos combustíveis tem de ser amenizada", defendeu nesta terça-feira António Saraiva, o presidente da CIP, à entrada para uma reunião da Comissão Permanente de Concertação Social convocada pelo governo para discutir o impacto da guerra na Ucrânia, que tem vindo a fazer disparar custos da energia que se encontravam já em subida.

Para o responsável da CIP, "esta situação extraordinária exige extraordinária redução dos impostos, nomeadamente, do ISP (impostos sobre os produtos petrolíferos)". "É isso que esperamos que o governo conscientemente venha a fazer", afirmou.

No final da última semana, o aumento dos combustíveis motivou já o alargamento da medida AUTOVoucher, que assegura devoluções de IVA de até 20 euros mensais aos consumidores.

A taxa de carbono permanecerá também por atualizar até ao final do primeiro semestre, sendo ainda estendido os apoios destinados a autocarros e táxis, e incluídos desta feita nas medidas também os autocarros movidos a gás natural. O ministro do Ambiente, Matos Fernandes, anunciou, ainda, a afetação de 150 milhões de euros da receita do Fundo Ambiental ao sistema elétrico nacional para baixar a tarifa de acesso às redes.

O conjunto das medidas corresponde, segundo o governo, a um esforço total de 142 milhões de euros. Mas, até aqui, não incluem a possibilidade de o Estado abdicar de receita fiscal em IVA ou ISP.

A CIP alerta, em específico, para a situação de empresas industriais do têxtil, cerâmica e outros."Há empresas que estavam com um custo energético de cem mil euros. Arriscam-se neste momento a ter 900 mil euros de acréscimo na fatura energética. É incomportável. Coloca as empresas numa situação ingerível. É impossível repercutir estes aumentos dos custos energéticos no preço. Nem os consumidores iriam suportar", argumentou António Saraiva, pedindo novas medidas que, diz, servirão para acudir a empresas e salvar empregos e evitar uma "crise social".

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