Satélite europeu com assinatura portuguesa partiu para Júpiter

O satélite deverá chegar ao gigante gasoso, aproveitando em momentos diferentes a gravidade da Terra e de Vénus, passados oito anos, em julho de 2031.
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A Agência Espacial Europeia (ESA) lançou esta sexta-feira o satélite que irá estudar Júpiter e três das suas maiores luas com potencialidades de albergarem vida, numa missão com assinatura portuguesa, tendo descolado à segunda tentativa.

O lançamento esteve previsto para quinta-feira, mas foi adiado para esta sexta-feira às 13:14 (hora de Lisboa) devido às condições meteorológicas adversas, no caso risco de raios.

Minutos depois do lançamento, a cerca de 1500 quilómetros de altitude, a sonda Juice separou-se com sucesso do foguetão em direção a Júpiter.

O foguetão europeu Ariane 5 que transportara o satélite partiu da ESA em Kourou, na Guiana Francesa, onde Portugal, membro da ESA, está representado pelo presidente da agência espacial portuguesa Portugal Space, Ricardo Conde.

A missão tem o engenheiro aeroespacial Bruno Sousa como diretor de operações de voo e contou com o engenheiro de antenas Luís Rolo na testagem de duas antenas de dois dos dez instrumentos do satélite, uma sonda-radar e um radiotelescópio. Ambos trabalham na ESA há mais de dez anos.

O satélite 'Juice' (acrónimo de JUpiter ICy moons Explorer, Explorador das Luas Geladas de Júpiter) inclui componentes, como revestimentos térmicos, sistemas de campo magnético e de navegação autónoma e instrumentos, como monitores de radiação e de painéis solares, fabricados pelas empresas portuguesas LusoSpace, Active Space Technologies, Deimos Engenharia, FHP - Frezite High Performance, Efacec e pelo LIP - Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas.

O 'Juice' irá estudar o maior planeta do Sistema Solar e as luas Europa, Ganimedes e Calisto, onde os cientistas pensam que possa existir água líquida (elemento fundamental para a vida tal como se conhece) sob as crostas de gelo à superfície.

A missão da ESA, que rendeu às empresas portuguesas envolvidas 5,4 milhões de euros em contratos, foi concebida para averiguar se haverá sítios em redor de Júpiter e no interior das luas geladas com as condições necessárias (água, energia, estabilidade e elementos biológicos) para suportar vida.

O satélite deverá chegar ao gigante gasoso, aproveitando em momentos diferentes a gravidade da Terra e de Vénus, passados oito anos, em julho de 2031, fazer 35 voos de aproximação às luas geladas (descobertas por Galileu há 400 anos) e alcançar Ganimedes em dezembro de 2034.

Será a primeira vez que um satélite artificial orbitará uma lua de um planeta que não a Terra.

Os primeiros dados científicos são expectáveis em 2032.

A missão da ESA, que custou cerca de 1,6 mil milhões de euros e teve a colaboração das agências espaciais norte-americana (NASA), japonesa (JAXA) e israelita (ISA) em termos de instrumentação e 'hardware', tem fim previsto para setembro de 2035.

Atualmente, o único satélite artificial em órbita de Júpiter é o Juno, da NASA.

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