Este projecto performativo tem início em Chicago sob o nome “Project: Work for Free", tendo tido o seu começo em Fevereiro de 2005 em Chicago, no mesmo ano documentação fotográfica deste projecto foi mostrada no Fournos, Centre for the art and the new technologies na Grecia..Posteriormente este Projecto foi também apresentado no CHICAGO PARK YOURSELF - Citywide Parking Space Project, 2006; [edge]PerformanceInsideOut, Chicago, 2006; KLab9: Art – Technology, Authorship and Ways of Living, Institute for Advanced Studies, Lancaster, 2007, também no Institute for Community Understanding Between Art and The Everyday (INCUBATE), Chicago, durante o mês de Novembro de 2007 e recentemente em Lisboa na Galeria 3+1 em Setembro de 2008.. Neste contexto Beatriz Albuquerque mostra documentação deste Projecto: a proposta reside na possibilidade de cada visitante encomendar gratuitamente uma obra de arte à artista, podendo escolher entre diferentes media – pintura, desenho, fotografia, performance, instalação, vídeo, digital art, “mail art”, entre outros – e decidindo todas as características dessa obra. Para tal, entre Beatriz Albuquerque e o encomendador será firmado um contrato onde se especificam todas as condições e directrizes, salvaguardando a integridade física e moral da artista. .O encomendador deverá apenas fornecer à artista os materiais necessários à execução da obra (tela, papel, tinta, etc.) e esperar a conclusão da sua execução. Nalguns casos, este pode mesmo optar por assistir à realização das peças.. Com este projecto Beatriz Albuquerque perpetua uma das linhas de força da arte do pós-guerra – o desejo de aproximação entre a arte e a vida, seguido de perto por uma nova vontade de democratização da arte, do pensamento e da cultura. .O acesso à arte, seja ele material ou intelectual, parece continuar reservado a uma elite, suscitando estranheza, senão até indiferença, a todos quantos não se sentem parte deste grupo restrito (e muitas vezes restritivo). Sobretudo no que diz respeito à Arte Contemporânea que, ao longo de mais de meio século vem desconstruindo os pilares daquilo que se entendeu durante centenas de anos como Arte, minando o seu próprio terreno para nele fazer explodir novas possiblidades. Renunciando à obediência aos géneros tradicionais (pintura, escultura), à arte pela arte e à sua sacralização aurática, grande parte da arte concebida na actualidade tende a um potencial hermetismo para quem não conhece o desenvolvimento da sua história, ficando assim afastado das suas possíveis "chaves de leitura". Por outro lado, muitos dos que ainda assim se esforçam por "ir abrindo as portas", entendendo antes de mais a arte como hipótese de pensamento, não têm condições materiais para possuir objectos artísticos (apenas para os fruir em contextos expositivos ou via reproduções).