“A SNL fez um conjunto de operações clandestinas”

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A Sociedade Lusa de Negócios (SLN), dona do Banco Português de Negócios ( BPN ) a 100%, fez "um conjunto vasto de operações clandestinas que não estavam registadas em nenhuma entidade do grupo e que envolveu centenas de milhões de euros", disse ontem o governador do Banco de Portugal em conferência de imprensa conjunta com o ministro das Finanças.
 
"Foi com surpresa que soubemos em Junho destas operações. Nada fazia suspeitar que estas operações pudessem existir", precisou Vítor Constâncio que se referiu concretamente à existência do Banco Insular, de Cabo Verde, por onde passavam operações offshore. É que o BPN tinha comunicado, em 2002, ao Banco de Portugal que o Banco Insular ficaria de fora da compra do grupo de activos financeiros adquiridos na altura. Esta revelação, segundo o governador, só foi feita em Junho pela administração liderada por Abdool Karim Vakil.

"Com a descoberta desta realidade paralela, o BPN deixou de cumprir os rácios mínimos legais de solvabilidade", disse o governador, salientando que, além dos seis processos de contra-ordenação instaurados pelo banco central, a Procuradoria-Geral da República (PGR) também já abriu um processo-crime. Ainda na semana passada, magistrados do Ministério Público estiveram na sede do BPN a fazer novas investigações e a aceder às últimas auditorias feitas ao grupo.
 
Do montante de 700 milhões de euros de perdas detectadas agora, 360 milhões dizem a operações "virtuais" feitas através do Banco Insular. O restante valor refere-se a perdas potenciais identificadas na recente auditoria. Segundo Vítor Constâncio, as notícias destes processos, o agravamento da crise financeira internacional, o adiamento do aumento de capital previsto pela actual administração, agravaram os problemas de liquidez do banco. "Tornou-se inevitável a necessidade de uma intervenção pública", frisou o governador, que acrescentou que este caso "não tem nada a ver com as dificuldades de financiamento do sistema financeiro".

A actual administração do BPN , liderada por Miguel Cadilhe, vai para já continuar em funções até que seja aprovada a nacionalização do banco. Depois caberá às Finanças e à Caixa Geral de Depósitos nomear a nova equipa de gestão.

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