Web Summit. Amanhã mais do que hoje

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Empreendedorismo. Mais uma palavra bonita, tal como inovação, que a esta hora suscita sentimentos tão contraditórios como o entusiasmo e o descrédito. Muitos já desligam quando se fala de empreendedores. Nem tudo é verdade. Empreendedorismo para cá, rondas de investimento para lá, unicórnios e one billion dolar companies para ali. Frases inspiradoras, lições para o sucesso, muitas balelas e equívocos. Assim, se desfaz a beleza da palavra e tudo o que está por detrás. Nem tudo é empreendedorismo e muitos estão a milhas de serem empreendedores.

Mas entre o que é verdade e merece ser reconhecido - as startups para ouvir, aprovar e premiar, como dizia ontem o ministro da Economia - e o que nasce e morre nos jargões do momento há uma grande diferença.

Numa economia estagnada e cheia de velhos problemas, é bem--vinda a excitação dos jovens, as suas ideias e a convicção (única) de vencer para nos convencer de que o futuro será mais do que isto; para nos fazer sonhar e, sobretudo, acreditar. E hoje arranca uma coisa muito séria. O ecossistema - gíria da comunidade (que me irrita particularmente) - junta-se o dia inteiro num evento com direito a primeiro-ministro, ministros, secretários de Estado e autarcas. O Road 2 Web Summit arranca no novo Hub Criativo e Empreendedor do Beato (30 mil metros quadrados), em Lisboa, o maior de Portugal e um dos maiores a nível europeu, que prevê mais iniciativas ao longo do ano e em todo o país. Hoje, serão conhecidas as 66 grandes, as melhores startups portuguesas, que representarão Portugal na Web Summit, que chegará a Lisboa em menos de dois meses. Inscreveram-se 237, foram aprovadas 170, mas apenas 66 terão entrada direta no maior evento de empreendedorismo da Europa. A Web Summit contará com mais de 50 mil participantes, de mais de 150 países, incluindo mais de 20 mil empresas, sete mil presidentes executivos, 700 investidores e dois mil jornalistas internacionais. A montra. Não é a brincar. Até aqui, houve ideias, mentoring, planos de negócio, o bater a muitas portas à procura de financiamento, o enorme esforço de criar produto, marca e mercado, de fazer negócio, dinheiro. Ou seja, houve mesmo muito trabalho, muitas horas sem dormir, muitos sucessos, outros tantos fracassos e, nestes casos, muito importante, a persistência e a resiliência de voltar com a mesma cara e vontade reforçada. Não é fácil. Acredite. Neles e no valor do espetáculo (no showbiz...), porque ainda haverá, após aqueles dias frenéticos, pegada a seguir. Ponha de parte o preconceito que chegou com a vulgarização do conceito de empreendedorismo. Encante-se, acredite que algumas destes nossos Fazedores, como lhes gostamos de chamar - muitos nasceram e cresceram juntos com o Dinheiro Vivo -, criarão emprego e contribuirão para aumentar o PIB nacional. Amanhã mais do que hoje.

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