Viver de pequenos biscates para enganar desemprego

A história de um sonho morto pela crise. Eurico Romero, 26 anos, trabalha desde os 16, numa altura em que começou a fazer uns biscates numa cadeia de fast food enquanto prosseguia os estudos para ir para a Faculdade de Economia. Um projecto que as propinas de mais de mil euros impossibilitaram mesmo quando durante seis anos trabalhou em vários estabelecimentos de restauração.
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"Os salários rondam sempre os 500 euros mensais e como o subsídio de alimentação pode ser pago em espécie nos tempos em que se está nas cadeias de fast food ainda se tem uma alimentação muito má para a saúde" refere Eurico Romero enquanto na Praça do Martim Moniz se preparava para a sua primeira manifestação do 1º de Maio em Lisboa, pois vive na cidade do Porto .

Novamente desempregado desde Julho decidiu vir até Lisboa "para casa de uns amigos" e participa na manifestação do 1º de Maio da CGTP integrado na InterJovem, a organização de juventude da central.

Sindicalizado no FESHT frisa que "o apoio do sindicato foi fundamental quando uma das empresas que o despediu - e de que não quer dizer o nome pois o mercado é pequeno - não queria pagar a indemnização a que tinha direito".

Quando ao fim de uma hora de compasso de espera se começa a percorrer o caminho até à Alameda Afonso Henriques, Eurico defende a necessidade "de se evitar o conformismo e se lutar contra uma situação que está a destruir o futuro" em linha com as palavras de ordem gritadas na manifestação. Actualmente vive da ajuda da família, apesar do dinheiro não abundar , e de pequenos biscates como ir "ajudar a fazer um casamento". Uma tarefa que é mal remunerada, cerca de cinco ou seis euros por hora, mas onde se consegue fazer algum dinheiro à custa de uma jornada de trabalho de quinze ou mais horas. A sua experiência na restauração passou por vários tipos de restaurantes, desde os de comida rápida, até uma churrascaria e outro de comida tradicional. Frisa que ar regra acaba por ser "a alta rotação dos trabalhadores e os baixos salários". Por isso apoia as palavras de Carvalho da Silva quando este garante no discurso final que "é possível criar emprego com direitos". O líder da CGTP deixou uma mensagem aos jovens adiantando "que é inadmissível que o governo e o patronato ofereçam apenas desemprego ou emprego absolutamente precário a troco de baixíssimas remunerações". Carvalho da Silva fez um apelo à participação nas eleições, e alertou para " as opções" que cada um vai tomar nas urnas.

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