Empresa fazia mudanças no gás dizem moradores .Uma fuga de gás no 10.º andar do n.º 13 da Praceta Afonso Paiva, no Bairro Monte Belo Norte, em Setúbal, terá provocado a explosão que ontem feriu 34 pessoas, entre as quais três em estado grave e três crianças (dados actualizados à hora de fecho desta edição). Tudo aconteceu por volta das 18.45. A explosão foi de tal ordem que se ouviu a quilómetros de distância, provocando estragos em lojas, automóveis e edifícios contíguos. ."A cidade tremeu", relataram alguns dos habitantes da zona. O cenário de destruição e a tragédia, como referia a presidente da autarquia, Maria das Dores Meira, poderia ter sido pior, caso ocorresse um pouco mais tarde e quando a maioria dos moradores já estivessem em casa. Estes serão todos realojados até a situação estar resolvida..No local, poucos minutos depois da explosão, imperava um cenário de guerra, com um corrupio de dezenas de ambulâncias e milhares de pessoas na rua. Entre gritos de desespero, muitos não acreditavam no que acabava de acontecer. "Estamos com a casa toda destruída. Onde vamos morar?", gritava a proprietária de um dos apartamentos do 11.º andar, agarrada aos dois filhos. "Estamos bem, mãe. É isso que importa", respondia o filho. Uma jovem estava preocupada com o gato que ficou lá em cima, mas um bombeiro tranquilizou-a. "Eu vi o gato, mas não o consegui apanhar. Ele está lá em casa." .O INEM instalava o Posto Médico Avançado, enquanto os bombeiros entravam no edifício para retirar os feridos. "É incrível como não há mortos", era o comentário mais ouvido no local. Um homem salvou o seu caniche, que trazia ao colo com lágrimas nos olhos. .Os 10.º, 11.º e 12.º andares ficaram totalmente destruídos. Nenhuma porta ficou fixa no edifício. Cerca de dez blocos de apartamentos da zona foram afectados pela deflagração e ficaram com vidros partidos e persianas arrancadas. Os carros que se encontravam estacionadas na zona foram atingidos com tijolos e cerca de uma dezena ficaram totalmente amolgados. .Cerca das 21.30 foi alargado o cordão de segurança porque foi considerado que o prédio apresentava risco de derrocada. A Governadora Civil, Eurídice Pereira, adiantou que a explosão se deu no 10.º andar. No local, estavam equipas municipais para dar apoio psicológico, havia moradores em estado de choque. .O comandante distrital de operações de socorro de Setúbal, Alcino Marques, referiu que só a peritagem poderá agora aferir as causas concretas do acidente. Moradores asseguraram que uma empresa estaria a fazer uma intervenção para mudar o gás propano para gás natural, mas as autoridades no local não o confirmaram. .Em Setembro de 2005, a perfuração de um tubo de gás levou à explosão num prédio também em Setúbal, ferindo três pessoas. A perfuração do tubo foi feita por trabalhadores que instalavam caixilhos de alumínio para proteger as ligações de televisão por cabo do edifício. As casas do sexto ao nono andar do edifício foram afectadas, tal como uma dezena de carros estacionados. * Com Filipe Morais