Vieira da Silva, Pomar e Delaunay num leilão em Paris

Setenta peças da Colecção Jorge de Brito vão ser leiloadas em Paris, a 22 de Outubro, entre elas pinturas de Vieira da Silva e Sonia Delaunay, cuja estimativa varia entre os 700 mil e os 400 mil euros cada.
Publicado a
Atualizado a

O conjunto de obras de arte moderna e contemporânea, pintura antiga, mobiliário, porcelana chinesa e objectos em jade está em exposição desde 11 de outubro e no dia 22 será realizado o leilão pela Tajan.

No sítio online da leiloeira, a venda intitula-se "Tribute to Jorge de Brito", descrevendo-o como "o mais importante colecionador português do final do século XX", e estima o valor global das obras entre nove e doze milhões de euros.

Contactado pela agência Lusa, João de Brito, um dos filhos do colecionador nascido em 1927 e falecido em 2006, indicou que "este é o maior leilão jamais realizado das obras da coleção" que chegou a atingir cerca de 3.000 peças, na sua maioria na área da pintura, especialmente do período barroco e também do século XX.

Sobre as expetativas nas vendas, foi cauteloso, porque, apesar de o leilão "estar a ser muito bem organizado, com uma ampla campanha de divulgação internacional, vive-se um período de crise".

"Esta conjuntura económica provoca uma certa incerteza. Não se sabe quais as repercussões que terá no leilão", comentou.

Uma das obras que surge no sítio online da Tajan é o óleo "Les pistes" (1953), de Maria Helena Vieira da Silva, cuja estimativa varia entre 500.000 e 700.000 euros.

Os herdeiros de Jorge de Brito viram encerrado em julho deste ano um processo de classificação de um conjunto de obras da pintora que se arrastava há cinco anos, e que envolveu negociações com o Ministério da Cultura e a Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva, em que 22 peças se encontravam depositadas desde a inauguração do museu, em 1994.

A família acabou por retirar todas as obras este ano, mas com o arquivamento do processo de classificação concordou em estabelecer um outro acordo para depositar novamente seis quadros de Vieira da Silva na Fundação durante cinco anos, com opção de compra pelo Estado.

Entre as obras também destacadas pela leiloeira para vender a 22 de Outubro estão uma pintura de Sonia Delaunay (1885-1979) intitulada "Minho's market 1" (1916), cuja estimativa varia entre 400.000 e 600.000 euros, e a peça de Júlio Pomar intitulada "Pomar 68", e assinada no reverso "Rugby IV", um acrílico sobre tela, com uma estimativa que varia entre 100.000 e 150.000 euros.

Há ainda uma peça chinesa, "Buffalo" (século XVII), em jade, da dinastia Ming, cuja estimativa varia entre 500.000 e 700.000 euros, e um óleo sobre tela de Montague Dawson intitulado "Golden Skies -- The Tea Clipper -Kaisow", com uma estimativa entre 100.000 e 500.000 euros.

Nascido em Lisboa em 1927, Jorge de Brito trabalhou no setor financeiro e adquiriu vários bancos que vieram a dar origem ao Banco Internacional Português, e também a várias empresas nas áreas do turismo, agricultura e comércio.

Após a revolução de 25 de Abril, foi viver para Paris, regressando a Portugal no início dos anos 1980, restabelecendo as suas atividades, e foi vendendo algumas das peças de arte, nomeadamente à Fundação Calouste Gulbenkian, mas manteve uma colecção privada.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt