O videoárbitro está longe de ser visto como algo que pode melhorar o futebol, isto pelo que tem sido dado a perceber nos dois primeiros dias do Mundial de Clubes..No primeiro dia, foi assinalada uma grande penalidade a favor dos japoneses do Kashiwa Antlers, a primeira de sempre através da tecnologia, mas o árbitro não conseguiu ver que tinha havido um fora-de-jogo a anteceder a penalidade. E enquanto decidia e não decidia passaram-se quatro minutos..[amazon:2016/12/1_20161215201605].Ontem foi a vez de Cristiano Ronaldo e do Real Madrid. Os merengues venciam por 1-0 o América do México quando, já nos descontos, o português é solicitado no limite do fora-de-jogo. Deu para os jogadores do Real Madrid festejarem o golo, posteriormente o árbitro comunicou que iria rever as imagens, tendo assinalado um livre indireto, sinal de que tinha anulado o golo. Finalmente, voltou à primeira decisão e sancionou o golo 500 da carreira de Cristiano Ronaldo. Mais uma vez com grande confusão e um enorme tempo de espera para jogadores e espectadores..[amazon:2016/12/2_20161215201802].No final do jogo, o habitualmente comedido Luka Modric deu largas à sua revolta. "Não sei que dizer. É novo, não gosto, cria muita confusão. No outro dia tivemos uma reunião sobre isso e não prestei atenção, porque espero que esta regra não continue. Para mim não é futebol e não gosto. Temos de nos concentrar no jogo, no nosso futebol e ver o que se passa. A primeira impressão não é boa", referiu o croata..Já o técnico francês do Real Madrid, Zinedine Zidane, não é tão incisivo como Modric mas não deixa de fazer algumas considerações sobre o videoárbitro: "Temos de nos adaptar ao que a FIFA pretende fazer. Eu tenho a minha opinião. No lance do golo de Ronaldo criou-se muita confusão. Tudo tem de ser mais claro, porque a tecnologia tem como fim melhorar o futebol. É um tema que precisa de maior clarificação, mas hoje [ontem] o videoárbitro foi justo porque o golo foi validado e Ronaldo não estava fora-de-jogo.".UEFA demarca-se.Após os relatos que chegaram de Osaka, o presidente da UEFA, o esloveno Aleksander Ceferin, demarcou-se por completo do videoárbitro.."Para mim e para a UEFA, para já, trata-se de apenas uma experiência. Não está muito claro e não sabemos quando utilizaremos o videoárbitro. Vamos ver o que se passa no futuro, mas não está nos nossos planos usá-lo", referiu o líder do organismo que tutela o futebol europeu, que tinha sido, em tempos, um dos maiores defensores da introdução das tecnologias do futebol em nome da verdade desportiva..FIFA muito ambiciosa.Duarte Gomes, antigo árbitro internacional, critica a decisão da FIFA em querer fazer um teste online "numa prova tão mediatizada como o Mundial de Clubes". E prossegue. "A FIFA pensava que ia correr bem e a verdade é que na minha opinião se precipitou ao fazer testes online numa montra como é esta competição.".E continua: "Tem havido testes offline, como sucedeu num jogo entre seleções A conduzido pelo Artur Soares Dias e se há erros estes têm de aparecer agora, mas repare-se que mesmo os árbitros de topo, como estes que estão no Mundial de Clubes, nunca experimentaram esta realidade. Penso que a FIFA foi demasiado ambiciosa.".E agora? "Agora deve-se continuar a fazer testes até 2018, ano em que tem de se apresentar ao International Board uma proposta concreta", realça Duarte Gomes, que deixa um esclarecimento importante e que tem sido bastante mediatizado com estes lances no Mundial de Clubes. "O árbitro de campo tem sempre a prerrogativa de querer ver o lance apesar de ter a indicação do videoárbitro", sustenta. E é aqui que se tem perdido muito tempo e que tem deixado jogadores e adeptos pouco satisfeitos.