Videoárbitro é sinónimo de perfeita confusão

Controvérsia. E, ao segundo dia de Mundial de Clubes, nova situação polémica com Ronaldo no epicentro. Duarte Gomes teme pelo futuro
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O videoárbitro está longe de ser visto como algo que pode melhorar o futebol, isto pelo que tem sido dado a perceber nos dois primeiros dias do Mundial de Clubes.

No primeiro dia, foi assinalada uma grande penalidade a favor dos japoneses do Kashiwa Antlers, a primeira de sempre através da tecnologia, mas o árbitro não conseguiu ver que tinha havido um fora-de-jogo a anteceder a penalidade. E enquanto decidia e não decidia passaram-se quatro minutos.

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Ontem foi a vez de Cristiano Ronaldo e do Real Madrid. Os merengues venciam por 1-0 o América do México quando, já nos descontos, o português é solicitado no limite do fora-de-jogo. Deu para os jogadores do Real Madrid festejarem o golo, posteriormente o árbitro comunicou que iria rever as imagens, tendo assinalado um livre indireto, sinal de que tinha anulado o golo. Finalmente, voltou à primeira decisão e sancionou o golo 500 da carreira de Cristiano Ronaldo. Mais uma vez com grande confusão e um enorme tempo de espera para jogadores e espectadores.

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No final do jogo, o habitualmente comedido Luka Modric deu largas à sua revolta. "Não sei que dizer. É novo, não gosto, cria muita confusão. No outro dia tivemos uma reunião sobre isso e não prestei atenção, porque espero que esta regra não continue. Para mim não é futebol e não gosto. Temos de nos concentrar no jogo, no nosso futebol e ver o que se passa. A primeira impressão não é boa", referiu o croata.

Já o técnico francês do Real Madrid, Zinedine Zidane, não é tão incisivo como Modric mas não deixa de fazer algumas considerações sobre o videoárbitro: "Temos de nos adaptar ao que a FIFA pretende fazer. Eu tenho a minha opinião. No lance do golo de Ronaldo criou-se muita confusão. Tudo tem de ser mais claro, porque a tecnologia tem como fim melhorar o futebol. É um tema que precisa de maior clarificação, mas hoje [ontem] o videoárbitro foi justo porque o golo foi validado e Ronaldo não estava fora-de-jogo."

UEFA demarca-se

Após os relatos que chegaram de Osaka, o presidente da UEFA, o esloveno Aleksander Ceferin, demarcou-se por completo do videoárbitro.

"Para mim e para a UEFA, para já, trata-se de apenas uma experiência. Não está muito claro e não sabemos quando utilizaremos o videoárbitro. Vamos ver o que se passa no futuro, mas não está nos nossos planos usá-lo", referiu o líder do organismo que tutela o futebol europeu, que tinha sido, em tempos, um dos maiores defensores da introdução das tecnologias do futebol em nome da verdade desportiva.

FIFA muito ambiciosa

Duarte Gomes, antigo árbitro internacional, critica a decisão da FIFA em querer fazer um teste online "numa prova tão mediatizada como o Mundial de Clubes". E prossegue. "A FIFA pensava que ia correr bem e a verdade é que na minha opinião se precipitou ao fazer testes online numa montra como é esta competição."

E continua: "Tem havido testes offline, como sucedeu num jogo entre seleções A conduzido pelo Artur Soares Dias e se há erros estes têm de aparecer agora, mas repare-se que mesmo os árbitros de topo, como estes que estão no Mundial de Clubes, nunca experimentaram esta realidade. Penso que a FIFA foi demasiado ambiciosa."

E agora? "Agora deve-se continuar a fazer testes até 2018, ano em que tem de se apresentar ao International Board uma proposta concreta", realça Duarte Gomes, que deixa um esclarecimento importante e que tem sido bastante mediatizado com estes lances no Mundial de Clubes. "O árbitro de campo tem sempre a prerrogativa de querer ver o lance apesar de ter a indicação do videoárbitro", sustenta. E é aqui que se tem perdido muito tempo e que tem deixado jogadores e adeptos pouco satisfeitos.

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