Portucel/viana investe em novo tipo de papel

Administrador da Europac garante que negócio da Portucel/Viana é a "menina dos olhos" do grupo espanhol que, em Portugal, controla várias unidades de recolha, reciclagem e produção
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Aos 56 anos, José Miguel Isidro é o mais velho de um total de dez irmãos, assumindo-se como patriarca da família Rincón, que construiu o actual império da Europac. Só em Portugal, o grupo espanhol controla várias unidades de recolha, reciclagem e produção de papel espalhadas um pouco por todo o País, a que se somam as unidades espanholas e, mais recentemente, a aposta na aquisição de um grupo em França.

Só em 2008, o grupo espanhol, que teve a sua génese num negócio de família, gerou um volume de negócios de 424,7 milhões de euros, sendo que a só a Portucel/Viana contribuiu com 167,7 milhões (produção de papel) e 54,2 milhões (produção de electricidade).

No entanto, em ano de crise, os efeitos também foram sentidos no grupo. "No primeiro semestre de 2009, os nossos resultados sofreram de forma evidente", confessa o empresário espanhol, reconhecendo, por outro lado, que a diversificação do mercado de destino (França 34%, Portugal 30%, Espanha 25% e Alemanha 3%) permitiu "atenuar" os efeitos.

"A partir de Maio, notámos uma melhoria substancial no ambiente económico. Os stocks europeus destes produtos estão no nível mais baixo dos últimos três anos, o que levou a um aumento do preço. No segundo semestre, não sendo os resultados muito bons, já indicam uma melhoria significativa para o próximo ano", refere, acrescentando que a menor dependência do mercado espanhol, "que vai demorar mais tempo a sair da crise, tem-se revelado como factor importante na recuperação dos níveis de produção anteriores.

Em Viana do Castelo, o grupo emprega directamente mais de 300 pessoas, número que ultrapassa os 2000, somando Espanha e França. Motivos mais do que suficientes para José Isidro, na direcção do grupo há 15 anos, reconhecer que pouco tempo sobra para os seus passatempos favoritos, ler e ouvir música. O resto do tempo, confessa, é dedicado, além da empresa, à família. "Mas o negócio em Portugal é a menina dos nossos olhos", afirma.

Ao fim de 33 anos, a Portucel/ Viana aproveitou a crise internacional para abordar novos mercados e prepara-se para lançar para o mercado o segundo tipo de produto próprio na área do papel canelado para embalagem. Depois do histórico papel kraftliner, em que a fábrica minhota lidera no Sul da Europa, segue-se o novo vianaliner.

A novidade foi anunciada ao DN pelo orgulhoso espanhol que lidera o grupo Europac, desde 2000 à frente da Portucel/Viana. "Terá um preço mais reduzido porque incorpora uma maior quantidade de papel reciclado e de fibra recuperada do que o normal kraftliner", explica o presidente da empresa.

O novo tipo de papel, a primeira experiência da Portucel/ Viana fora do tradicional kraftliner, está em desenvolvimento há mais de um ano e destina-se igualmente ao mercado da embalagem.

A apresentação do vianaliner foi feita em Julho aos clientes, e avança agora a produção. "Mas ainda não temos uma grande capacidade de produção porque não podemos descurar os nossos clientes tradicionais do kraftliner", acrescentou o administrador.

Enquanto o kraftliner é destinado ao mercado da embalagem de produtos alimentares, o vianaliner, explica José Miguel Isidro, terá a indústria como destino principal, mantendo características como a "impermeabilidade e resistência" do anterior. "O vianaliner será um tipo de kraftliner mais destinado à indústria.

A nossa ideia é comercializar em breve 75% de kraftliner e 25% de vianaliner, porque temos expectativas muito altas."

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