"Estou magoadíssimo, porque uma acusação de burla é muito ofensiva", afirmou o presidente da câmara de Gondomar, à saída da sessão de julgamento onde prestou depoimento..No interior do tribunal começou por dizer não ter tido "intenção de obter" para si "nem para qualquer pessoa ou entidade, qualquer enriquecimento ilegítimo por meio de erros ou enganos".."Nada ganhei com este processo, nem ajudei a ganhar", frisou..Neste processo, e de acordo com o Ministério Público (MP), está em causa uma operação de compra e revenda de um terreno que, em pouco tempo, deixou de estar na Reserva Agrícola Nacional (RAN) para passar a ter capacidade construtiva, permitindo aos intervenientes um lucro de três milhões de euros..Além de Valentim Loureiro, foram pronunciados para julgamento o vice-presidente da Câmara de Gondomar, José Luís Oliveira, e o advogado Laureano Gonçalves, ambos pela alegada prática, em concurso efectivo, de um crime de burla qualificada e de outro de branqueamento de capitais..De acordo com o MP, o advogado Laureano Gonçalves teria obtido uma procuração irrevogável para negociar os terrenos, em troca de 1,072 milhões de euros. .Pouco depois, foi celebrado com a STCP um contrato-promessa de compra e venda do terreno. O valor a pagar pela STCP seria de 3,75 milhões de euros, mas acabou fixado em quatro milhões, na sequência de uma suposta reunião em que teriam participado Valentim Loureiro, Laureano Gonçalves e administradores da empresa de transportes, diz a acusação. .Sobre o terreno, Valentim Loureiro recordou ter falado "uma única vez" em 2000 com a filha da proprietária original, que disse ter "um terreno para vender à câmara" e o "fez acreditar que estava desesperada para pagar impostos"..Como a autarquia "não tinha interesse no terreno", Valentim Loureiro contou ter solicitado mais informações sobre o terreno para encaminhar o processo ao "vice" José Luís Oliveira..Negou ter assinado qualquer contrato de promessa de compra e venda até porque "nenhum presidente pode assinar um contrato que vincule a câmara" e "mesmo que assinasse, valia zero"..Ainda sobre o terreno, inicialmente em RAN e depois com capacidade construtiva, disse "nunca" se ter "preocupado" com as áreas relativas a "planos de desenvolvimento de Gondomar, nem PDM, nem planos de urbanização".."Ao contrário do que se diz, eu não sabia de negócio nenhum", sustentou o autarca..O julgamento prossegue na tarde de terça-feira, no Tribunal de Gondomar.