O gosto pela bebida "faz parte da história da humanidade" como lembrou o CEO e cervejeiro-chefe da Cerveja Vadia, Nicolas Billard, durante a apresentação do rebranding da marca, e mantém-se presente no quotidiano dos portugueses que, apesar de "ainda serem muito conservadores", já começam a conhecer melhor as cervejas artesanais. E, acrescentou a cofundadora Rosa Billard: "Muito também graças aos bares que são estratégicos e à proximidade que existe entre os consumidores e os produtores.".Uma parte desse mérito poderá atribuir-se à Cervejaria Vadia que se foca em produzir uma cerveja que procure harmonia: seja a acompanhar um pastel de bacalhau com queijo, seja com uma boa tertúlia..Com um cheiro a canela no ar e um pouco de história à mistura, assim se apresentou o rebranding da Cerveja Vadia, cujo nome, segundo Rosa, tem "piada". "Isto nasce de uma alcunha que os nossos amigos nos deram porque nós nunca chegávamos a tempo a nada, porque o Nicolas estava a fazer cerveja. Um dia chamaram-nos vadios, e assim ficou. Mas é mais do que isto. É também uma celebração ao lado bom da vida... À vida boémia, imperfeita e irregular. Com altos e baixos".."Uma alquimia" (como Rosa escolheu chamar ao ato de produzir cerveja) que nos transporta até ao século XVI, quando era muito usada pelos monges como "uma ajuda para cumprirem os seus votos de jejum que acompanhavam a Quaresma", devido ao cereal da cerveja, "que os enchia e aquecia o estômago". Agora, ao cereal juntou-se um conservante essencial: o lúpulo. Mas não nos esqueçamos da água e da levedura. Parece simples? Não é..Desde a sua criação, em 2010, a Cerveja Vadia, sediada em Oliveira de Azeméis, tem sido uma marca pioneira no mercado cervejeiro português, sendo uma das primeiras nacionais a desbravar o mercado artesanal e a primeira cerveja artesanal portuguesa a ser premiada internacionalmente. Contudo, Nicolas reconhece que ainda há muito a batalhar pois a cerveja artesanal "só detém um peso de 0,5% no mercado nacional, enquanto uma marca como a Heineken tem 7%"..Uma diferença que poderá assustar muitos outros, mas não Nicolas. Prova disso é a aposta na Imperativa (nova cerveja), no novo logótipo de uma marca que "nasceu do convívio com os amigos e da paixão pela cerveja", e que agora faz-se de "linhas imperfeitas interligadas entre si como uma forma de celebrar o nosso percurso enquanto marca, nunca nos esquecendo da "maturação" da nossa história" explicou o CEO..Os próprios rótulos "são simples para não criar confusão ao consumidor", e "dão destaque ao tipo de cerveja que está dentro de cada garrafa porque "o consumidor português está muito habituado a cervejas do tipo pilseners/lager (de natureza transparente e amarela, com espuma branca opaca), e assim convidamo-lo a conhecer mais sobre cerveja e, pouco a pouco, levá-lo até novas experiências gastronómicas durante e fora das refeições", disse o mestre cervejeiro em comunicado..Na Vadia também se "fermentam" ações de sustentabilidade. O diretor de marketing, Samuel Oliveira, que também marcou presença na apresentação, confessou algumas das metodologias: "Todos os nossos subprodutos são aproveitados para alimentar o gado de parceiros da zona [Oliveira de Azeméis] e desenvolvemos a cidra em parceria com a Universidade de Aveiro, que reaproveita um subproduto da indústria da maçã que é completamente descartado, apesar da riqueza em vitaminas, proteínas e aminoácidos, úteis para a vida e fermentação da levedura, e usado no nosso resultado final mais natural e sem tantos aditivos.".Quis o acaso que há milénios fosse criado um legado de engenho que passou por incontáveis civilizações. A eles brindamos com "um produto que faz parte da História da Humanidade" e que só "faz sentido com a diversidade. Da composição e dos cervejeiros"..dnot@dn.pt