Gabriel Samy reagia ao discurso do Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, na Assembleia Nacional, que hoje abriu oficialmente o último ano da legislatura após o processo eleitoral de 2008.."É preciso que o executivo ande até à profundidade de Angola para ver o que são na realidade os índices de pobreza", disse Gabriel Samy, salientando que se os números apresentados fossem reais "muitos problemas estariam minimizados", citando sobretudo a falta de água, energia e saneamento básico..Segundo o político, o discurso de José Eduardo dos Santos não difere muito dos balanços trimestrais que o executivo angolano tem realizado nos últimos tempos, saudando apenas o facto de o Chefe de Estado angolano ter ido pela segunda vez discursar à nação na Assembleia Nacional..Gabriel Samy apontou a necessidade de os membros do Governo angolano e também os deputados realizarem viagens para o interior do país, com o objectivo de conhecerem a real situação, para que se deem conta de que as cifras hoje apresentadas "em nada condizem com a realidade"..O deputado reconheceu os esforços do Governo para melhorar o actual quadro, mas apela a um maior esforço para que "o crescimento económico tenha maior incidência no dia a dia do angolano"..O líder da maior força da oposição em Angola disse ainda que os angolanos estavam à espera que o Presidente da República abordasse também no seu discurso questões que "apoquentam" a população, como a corrupção e os desmaios colectivos nas escolas que ainda hoje não tiveram identificadas as suas causas..Relativamente às manifestações que nos últimos tempos têm decorrido em Angola, o deputado da UNITA concorda com José Eduardo dos Santos, quando este pede maior diálogo entre o Governo e a sociedade angolana..José Eduardo dos Santos disse no seu discurso que hoje em Angola existem algumas "incompreensões e mesmo equívocos" que são necessários esclarecer, porque só acontecem devido à falta de diálogo.."Não é preciso que se encontre um bode expiatório em relação às manifestações é preciso que se crie a cultura de dialogar com os vários sectores da sociedade para se entender quais são os reais problemas que existem, por isso espero que se implemente o diálogo", sublinhou Gabriel Samy..No seu discurso, o Chefe de Estado angolano disse igualmente que não se pode considerar Angola um Estado ditatorial, mas "uma democracia recente, viva, dinâmica e participativa, que se consolida todos os dias", ideia, no entanto, rejeitada pelo líder da bancada parlamentar da UNITA.."Se formos ver, a forma como se utiliza a comunicação social no país, com o seu monopólio pelo Estado, o impedimento de manifestações, até aqui todas pacíficas, não sei como classificar isso democracia", referiu Gabriel Samy, acrescentando que "se não há ditadura, há manifestações de ditadura em Angola".