UM SUPERIOR JESUÍTA PARA O SÉCULO XXI

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Reunião em Roma deve durar até finais de Janeiro

Principia hoje em Roma a Congregação da Companhia de Jesus (SJ, da designação em latim) para eleger o sucessor do superior-geral, padre Peter-Hans Kolvenbach, e analisar as tarefas e actuação da ordem na presente situação da Igreja e na conjuntura internacional.

"Este é um acontecimento raro", referiu ao DN sob anonimato um responsável da Companhia, por estes estarem impedidos de proferir declarações públicas no período que hoje se inicia. Desde a fundação da SJ, em 1540, esta é apenas a 35.ª Congregação em cinco séculos, não tendo a ordem existência formal entre 1773 e 1814, quando foi dissolvida pelo papa Clemente XIV.

A reunião de Roma decorre à porta fechada e prevê-se que dure até à última semana de Janeiro.

Embora seja a segunda vez que um superior pede para ser substituído no cargo, que é vitalício, é a primeira vez que um responsável faz o pedido argumentando com a idade, próximo dos 80 anos. O seu antecessor, padre Pedro Arrupe, abandonou a direcção por doença grave. Analistas sublinham, contudo, que João Paulo II teve um papel activo no afastamento de Arrupe devido à ligação de sectores da SJ com a teologia da libertação.

Além da escolha do superior, a congregação "é soberana" para analisar a "actualização da missão da Companhia", "desde a sua acção no campo da educação, às tarefas intelectuais e de reflexão teológica". "Corpo apostólico ao serviço do Papa", como sublinha aquele elemento da ordem, esta deve estar preparada para responder às orientações de Bento XVI e a "pedidos específicos deste". Menciona uma mensagem do Papa a uma delegação jesuíta em Roma como síntese da missão e prioridades da SJ no século XXI.

A reunião de Roma, que decorre na Igreja de Jesus, onde se realizou a primeira congregação, em 1558, e onde viveu e morreu o fundador da Companhia, Inácio de Loyola, que ali se encontra sepultado, "é soberana", explicou aquele elemento da SJ. Isto "significa que pode alterar o calendário, mas é certo que aceitará a renúncia" do padre Kolvenbach. O pedido deste "corresponde a uma interpretação mais flexível das regras da ordem, autorizada por Bento XVI", e acompanha as regras em vigor para a eleição do Papa, que impedem a votação de cardeais com mais de 80 anos.

A renúncia de Kolvenbach e a eleição do seu sucessor vai ocupar a primeira parte dos trabalhos, podendo ser conhecido o nome do novo superior "dia 18 ou 19", considera o membro da ordem ouvido pelo DN. O Papa será informado da decisão e principiará então a análise das questões que vão merecer a atenção do novo dirigente da SJ e da ordem como um todo.

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