"Socialista, muito antes de ser do PS." É assim que Defensor Moura, presidente da Câmara de Municipal de Viana do Castelo desde 1994, descreve a sua actividade política que, garante, está "acima dos partidos". .Foi deputado, substituto do cabeça de lista, pelo PRD, em 1986, mas verdadeiramente exerceu o seu primeiro cargo político aos 48 anos, ao chegar à liderança da Câmara de Viana. Nessas eleições, integrando a lista do PS, mas como independente, poucos o imaginavam a roubar, pela primeira vez, a autarquia ao PSD. Desafios que não se ficaram por aqui e, não tendo maioria na autarquia, viu-se na necessidade de formar uma polémica aliança com um vereador do CDS. No mandato seguinte garantiu a maioria absoluta, cenário que, eleição a eleição, tem vindo a repetir-se. Ainda em 1994 filia-se no partido e pouco tempo depois assume a liderança da concelhia local do PS. Em 2005, Defensor Moura alcançou mesmo um número recorde de seis vereadores rosa, no executivo, contra os únicos três da oposição social-democrata. ."Sou socialista muito antes de ser do PS e tive intervenção cívica activa de âmbito distrital e nacional antes de exercer qualquer cargo político", afirma. Pelo meio fica mais de uma década de conflito aberto - às vezes até na praça pública - com Rui Solheiro, presidente da Câmara de Melgaço e histórico líder da federação distrital do PS. Uma rivalidade que cada vez é mais notória e que recentemente assumiu contornos próximos de uma crise dentro do partido. Tudo porque Defensor Moura recusou - e recusa ainda, ameaçando com a sua demissão - a inclusão de Viana do Castelo na nova Comunidade Intermunicipal do Alto Minho, exactamente por não querer sujeitar-se à liderança de Solheiro que, como se previa, se tornou líder desta estrutura. Curiosamente, Viana do Castelo é o único concelho, dos dez do distrito, a recusar a integração, mesmo numa maioria de seis câmaras socialistas. Amigo pessoal de José Sócrates, que enquanto ministro do Ambiente o "brindou", em 2000, com o primeiro programa Polis do País, Moura mantém-se irredutível e nem a intervenção directa do líder máximo do partido o fez mudar de posição.."Não contem comigo para representar um concelho de joelhos", afirma, aludindo ao facto de os pequenos municípios do distrito (PS) terem mais peso na comunidade do que Viana do Castelo, a capital. Isto fruto de uma lei - do PS - que Moura classifica como "aborto". Em ano que antecede as autárquicas, Moura assume o tabu em torno da recandidatura.|