Um elogio e um lamento

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1. O comentário de futebol, em Portugal, funciona a duas velocidades. Há os profissionais e há os amadores. Os amadores do comentário são quase sempre profissionais do futebol (treinadores, ex-jogadores, até dirigentes) momentaneamente sem emprego ou ocupação - e muitos deles não conseguem dispensar-se da agenda quando vão à televisão, mergulhando num intrincado jogo de equilíbrios e (às vezes) bajulações que prejudicam tanto a forma como a substância das suas intervenções. Pacheco, antigo extremo-esquerdo do Benfica e do Sporting, que sexta-feira reencontrámos no Portimonense-Benfica (SportTV), não padece desse problema. É talvez um amador, mas com o nível de um profissional. Tem imagem, colocação de voz, know-how, assertividade e, ainda por cima, independência. Lamentavelmente, vive no Algarve, quer continuar a viver no Algarve e, portanto, só comenta quando a televisão passa pelo Algarve. Mas talvez fosse interessante os "colegas" olharem para o seu trabalho. Alguns profissionais e, seguramente, todos os amadores.

2. Júlia Pinheiro quer tornar a SIC mais popular e admite até fazer regressar o Big Show SIC. Provavelmente tem razão: só abrejeirando-se de vez o canal de Carnaxide conseguirá de facto lutar com a TVI pela liderança das audiências. Todas as semanas trago a esta coluna uma nova prova de como a televisão generalista vive o seu estertor de morte e todas as semanas sou acusado de catastrofismo e má índole em geral. Tudo bem: então a televisão generalista não está a morrer - a televisão generalista está, antes, a tornar-se definitivamente insuportável e absurdamente irrelevante.

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