Conhecer é mesmo a palavra- -chave para Filipe Palma, que não considera os seus vários feitos simples desafios, mas projectos que lhe permitem contactar com diferentes "meios e pessoas". É descobrir o desconhecido que mais o atrai e procura sempre a melhor forma de o fazer. Para a Antártida, o caiaque é a maneira ideal de atravessar este estreito, de que há 100 anos o Homem não se aproximava. "Gosto de aproveitar os melhores meios de aventura para explorar os sítios. Bicicletas quando há caminhos para pedalar, a pé quando só dá para caminhar. O caiaque, para a Antártida, é, provavelmente, um dos melhores meios", explica ao DN Filipe Palma. A justificação até parece ser simples "Tem uma excelente autonomia, pois consigo neste espaço [do caiaque] guardar tudo o que preciso." .O aspecto logístico exigiu uma preparação ao mais ínfimo pormenor, pois não terá qualquer ajuda exterior no caso de sofrer algum percalço. Desde comida, roupa quente, saco-cama, colchão e até um pequeno fogão, tudo será colocado num caiaque, que poucas alterações sofreu em relação a uma embarcação normal..Frio, muito frio, vida selvagem - as orcas e as focas-leopardos preocupam um pouco -, as paredes glaciares que dificultam a escolha de locais para pernoitar. Apenas um destes elementos seria suficiente para afastar o comum dos mortais desta aventura, mas Filipe Palma, sempre de sorriso estampado, respira confiança. "Este é o meu maior desafio desde a Volta ao Mundo em BTT", confessa. .Mas não se pense que este professor de Educação Física em São Martinho do Porto não tem limites, muito pelo contrário "O que eu pretendo é, sobretudo, ter um estilo de vida saudável. A natureza é o meio mais natural, mais puro e a Antártida é um extremo da natureza. É um continente intocável, que tem sido preservado pelo Homem. Dá-me gozo respeitar essa natureza tão extrema como é a Antártida, porque também se é respeitado.".A principal preparação de Filipe Palma para a expedição consiste na experiência. A Antártida não é um ambiente totalmente desconhecido para o aventureiro. Foi, aliás, a sua primeira visita, em 2000, que o motivou a avançar para travessia em caiaque. "Posso contar no meu treino com as experiências anteriores. Agora fiz treinos de caiaque para ter a preparação física, estive um fim-de-semana na Serra da Estrela, com temperaturas negativas, para testar o fogão, a roupa, as operações onde temos de utilizar as mãos em que há que tirar as luvas e depois temos de recuperar o calor. São estas transições, de pôr e tirar roupa, montar e desmontar, que tiveram de ser muito bem treinadas", frisa..No futuro, Filipe quer organizar aventuras para que mais pessoas as possam desfrutar. Para já, na Antártida, é com uma tremenda descontracção que resume a aventura que hoje inicia "Ficarei uma semana por minha conta."