Ucrânia avisa que Rússia ainda não desistiu de capturar Kiev e pode atacar no início do ano

Líder das Forças Armadas ucranianas deixa o alerta e vice-ministra pede para não haver relaxamento.
Publicado a
Atualizado a

As autoridades ucranianas acreditam que o presidente russo, Vladimir Putin, estará a preparar uma nova ofensiva no início do próximo ano, com o líder das Forças Armadas da Ucrânia, o general Valery Zaluzhny, a admitir que Moscovo voltará mesmo a tentar capturar Kiev. Isto apesar de, atualmente, os combates estarem concentrados na região sul e no leste do país. Esta quinta-feira, Kherson voltou a ser bombardeada pelas forças russas, tendo duas pessoas morrido e a cidade ficado sem energia elétrica.

Numa entrevista à revista The Economist, o general Zaluzhny disse que os russos estão a fazer tudo o que podem para tentar impedir Kiev de ripostar. "É por isso que estamos a ver batalhas ao longo de 1500 quilómetros de linha da frente. Eles estão a impedir o movimento das nossas tropas de forma a não permitir que nos reagrupemos", afirmou. "O próximo problema que vamos ter é, antes de mais, manter esta linha e não perder mais terreno. É crucial", referiu.

De acordo com o general, as forças russas estarão também a preparar um novo ataque em fevereiro ou março, tendo como alvo possivelmente a própria capital Kiev. "Os russos estão a preparar cerca de 200 mil tropas frescas. Não tenho dúvida de que vão tentar novamente chegar a Kiev", afirmou à revista. Num briefing militar, a vice-ministra da Defesa, Hanna Malyar, avisou que os ucranianos não podem mostrar complacência diante dos reveses russos: "Nós e o mundo não devemos relaxar, porque o objetivo final da Federação Russa é conquistar toda a Ucrânia e depois seguir em frente."

Os russos invadiram a Ucrânia a 24 de fevereiro e estabeleceram como meta a capital, esperando acabar a sua "operação militar especial" em poucos dias, mas encontraram mais resistência do que o previsto e nunca chegaram a entrar na cidade.

Zelensky disse esta quinta-feira, num discurso por videoconferência no Conselho Europeu, que "os próximos seis meses vão ser decisivos em muitas áreas no confronto que a Rússia começou com a sua agressão". O presidente ucraniano pediu que os 27 aprovassem o programa de assistência macrofinanceira a Kiev, no valor de 18 mil milhões de euros, o que veio a acontecer. "Peço-vos que garantam que a nossa luta pela paz para a Ucrânia e para a totalidade da Europa não dependa de mal-entendidos e controvérsias entre alguns Estados-membros", afirmou, depois de a Polónia ter inicialmente travado o acordo. Ainda não há contudo luz verde sobre o nono pacote de sanções à Rússia.

O Kremlin rejeitou na quarta-feira a ideia de uma trégua por ocasião do Natal e do Ano Novo, com Kiev a ir no mesmo sentido. "Não haverá um cessar-fogo completo do lado ucraniano até que não haja uma única força de ocupação na área", afirmou no briefing outro alto-responsável militar ucraniano, Oleksiy Gromov. "A situação na frente não mudou significativamente", lamentou antes de referir que as forças ucranianas conseguiram avançar cerca de 1,5 quilómetros em direção à localidade de Kreminna, na região de Lugansk.

susana.f.salvador@dn.pt

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt