"Ela acha que tem direito ao cargo. A frase da sua campanha é "Eu estou com ela". Sabem qual é a minha resposta? Eu estou convosco, o povo americano", declarou Donald Trump numa intervenção pública, ontem em Nova Iorque, em que desferiu uma série de violentas críticas a Hillary Clinton..Na sua intervenção, Trump classificou a candidata democrata à Casa Branca em novembro como "mentirosa de todo o tamanho", a "pessoa mais corrupta a candidatar-se à presidência dos Estados Unidos" e com falta de "competência" e "capacidade de julgamento" para exercer o cargo..As declarações de Trump que, tudo o indica, será o candidato pelos republicanos nas presidenciais de novembro, foram feitas um dia depois de Clinton ter criticado, também de forma contundente, as ideias do multimilionário para a área económica, afirmando que comprometeriam a recuperação dos EUA, após a grave crise de 2008..Clinton criticou as declarações de Trump em matéria de política externa, considerando-as "imprudentes e perigosas". E foi mais longe, recordando os diversos casos de negócios de Trump que não produziram o resultado esperado, deixando no ar a ideia de que, em caso de vitória deste, as pequenas empresas e as pessoas de menores recursos "ficarão pior"..A troca de acusações e insinuações sucede num momento em que a ex-secretária de Estado surge à frente nas sondagens, com nove pontos de avanço sobre o republicano e com uma enorme vantagem em matéria de recolha de fundos. No início de junho, Clinton tinha à sua disposição 42 milhões de dólares (37,2 milhões de euros) - uma verba considerada recorde - enquanto Trump, que financiou a sua campanha nas primárias, registava 1,3 milhões de dólares (1,1 milhões de euros)..Esta disparidade é considerada como a principal e mais perigosa desvantagem de Trump face à democrata, com os analistas a sublinhar que o candidato tem de superar essa fragilidade de forma clara no curto prazo. No entanto, tendo em conta os anticorpos e resistências que o multimilionário natural de Nova Iorque suscita entre os republicanos, têm estado a surgir dúvidas sobre a sua capacidade em mobilizar os recursos financeiros do seu espaço político..A intervenção ontem em Nova Iorque esteve originalmente marcada para a segunda-feira 13 de junho, tendo sido adiada em sinal de respeito pelas vítimas do massacre de Orlando, na noite anterior. Foi igualmente a primeira ação pública após Trump ter substituído o diretor de campanha Corey Lewandowski por Paul Manafort, veterano na organização de campanhas presidenciais de republicanos como George W. Bush e seu pai, George Bush, Ronald Reagan e John McCain, entre outros..O discurso de Trump estava ontem a ser considerado como o mais tático e abrangente até agora pronunciado pelo candidato republicano, evidenciando preocupação em referir grupos que ignorou ou até mesmo antagonizou no passado. Estão nesta última categoria os muçulmanos, de que chegou a advogar a interdição de entrarem nos EUA, e os hispânicos, em especial os mexicanos, que acusou serem traficantes de droga e assíduos em atos de violência sexual..Trump teve também palavras para a comunidade afro-americano e para os grupos LGBT, refletindo uma mudança de tática na campanha agora dirigida pelo veterano Manafort. Outra mudança detetada na intervenção do republicano foi a de que, ao contrário do que sucedia até agora, deixou de adjetivar Clinton como "a trapaceira Hillary", referindo-se-lhe sempre pelo nome completo: Hillary Clinton..[artigo:5238918]