Trump assume-se "nacionalista" sem recear conotação com movimentos extremistas
"Sou um nacionalista! OK? Sou mesmo um nacionalista", dizia Donald Trump na segunda-feira, em Houston, no Texas, numa declaração que está a causar polémica, pela sua associação a movimentos extremistas e racistas, mas que os seus assessores garantem que ele vai repetir hoje, em novo comício, no Wisconsin.
O Presidente dos Estados Unidos já usou essa expressão por duas vezes, esta semana, para galvanizar as audiências dos seus comícios, e esclarece que é "nacionalista" porque é contra "a ideologia do globalismo".
"Sabem o que sou? Sou um nacionalista! Sou um nacionalista! Usem a palavra. Usem a palavra", gritava Donald Trump, perante um auditório efusivo com a confissão.
"Isso quer dizer que eu sou patriota. Que eu amo o meu país", esclareceu, logo de seguida, em Houston, Donald Trump, num dos comícios que tem feito a favor dos candidatos republicanos nas eleições intermédias, que escolherão senadores, congressistas e governadores em dezenas de Estados dos EUA, no início de novembro.
Os adversários políticos de Trump, no entanto, não aceitam esta explicação e consideram que o Presidente está a apelar a valores racistas.
"Conhecerá o Presidente a 'bagagem' histórica que está associada a essa palavra? Ou será que ele é apenas ignorante?", interrogava-se, na sua conta na rede social Twitter, Michael McFaul, antigo embaixador dos EUA na Rússia, no mandato de Barack Obama.
A palavra "nacionalismo" está associada a movimentos extremistas, historicamente inspirados no nacional-socialismo alemão de Adolf Hitler, que advogam valores racistas e xenófobos.
A Casa Branca, recentemente, já chegou a aplicar a expressão a políticos considerados hostis, como o Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, ou o Presidente russo, Vladimir Putin.
Donald Trump foi confrontado pelos jornalistas com estas associações, em Washington, na terça-feira, mas recusou-as: "Nunca ouvi essas teorias sobre ser um nacionalista. Eu sou uma pessoa que ama o nosso país. Sou nacionalista e tenho orgulho nisso".
O Presidente norte-americano, nos comícios, tem aplicado a expressão na parte dos discursos em que apela aos valores de patriotismo, refuta o "globalismo" e repete a expressão que foi um dos seus 'slogans' na campanha das presidenciais: "America First" (que pode ser traduzido por "A América em primeiro").