Espiral de violência em Israel

Dois ataques matam duas britânicas e um italiano na Cisjordânia e em Telavive, horas depois de o exército israelita ter bombardeado a Faixa de Gaza e o sul do Líbano. Tensão apanhou governo a meio de uma crise.
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A operação policial de desalojamento de fiéis, em duas noites seguidas, na mesquita Al-Aqsa, em Jerusalém, desencadeou uma renovada espiral de violência, com o maior ataque oriundo do sul do Líbano contra Israel desde 2006, um contra-ataque israelita que incluiu alvos na Faixa de Gaza e ataques mortais a civis na Cisjordânia e em Telavive.

Duas irmãs de 15 e 20 anos, de nacionalidade britânica, foram mortas e a mãe ficou gravemente ferida em resultado de um tiroteio ao veículo em que seguiam em Hamra, no nordeste da Cisjordânia ocupada. Mais tarde, em Telavive, um atropelamento matou um turista italiano com cerca de 30 anos e feriu cinco outras pessoas, todas turistas. O atacante, segundo as forças de segurança, preparava-se para disparar quando foi "neutralizado".

Estas foram as mais recentes vítimas do conflito israelo-palestiniano, que já tinha vindo a intensificar-se nos últimos meses e atingiu um cume nas últimas horas quando judeus celebram a Páscoa e muçulmanos observam o Ramadão.

A operação policial de repressão a muçulmanos que entoavam cânticos de apoio ao movimento terrorista Hamas, no terceiro local mais sagrado para o islão, valeu críticas do ministro dos Negócios Estrangeiros britânico James Cleverly - um aliado de Israel - e sobretudo foi o repetir de uma crise desencadeada da mesma forma em maio de 2021.

Desta vez continuou com trocas de tiros entre as forças israelitas e as milícias palestinianas na Faixa de Gaza e no sul do Líbano. Desde quarta-feira, mais de 60 projéteis foram disparados da Faixa Gaza e 36 do Líbano em direção a Israel, que em resposta bombardeou alvos do Hamas, quer em Gaza, quer no sul do território libanês, o que, de acordo com Telavive, pressupõe um certo nível de cooperação com outro grupo islamista, o Hezbollah.

Após uma reunião governamental, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu decidiu mobilizar mais unidades do exército para enfrentarem ataques terroristas, e para a polícia convocar todas as unidades reservistas da polícia de Fronteira, num passo que reflete os receios de uma nova escalada.

A crise política iniciada com a controversa reforma judicial - em pausa - levou a que o ministro da Defesa, Yoav Gallant, se pronunciasse contra os planos de Netanyahu, até por motivos de segurança nacional. O chefe do governo anunciou o seu despedimento mas nunca o fez formalmente, pelo que Gallant se mantém em funções. "Os nossos inimigos estão a pôr-nos novamente à prova, e mais uma vez descobrirão que estamos juntos", disse Netanyahu ao lado de Gallant.

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