No sábado passado, o salão nobre do Clube Português de Nagutuck, no Connecticut, registou uma verdadeira enchente. Era o regresso do Defiant Pro Wrestling às suas origens, com combates singulares e de pares, e as cenas paralelas que sempre empolgam a assistência. El Boriqua & Eric Drake bateram Del Rico & Justin Moore, The Untouchable arrasou com Del Tsunami, enquanto Mike Milano, o organizador do espectáculo, trocava gritos, insultos e sopapos com a sua assistente, a bela Mandy Mancuso..Este entusiasmo por um espectáculo do que em tempos se chamou "luta livre americana" num clube português é um exemplo da popularidade que o wrestling tem hoje nos Estados Unidos, uma indústria que em menos de 20 anos passou de quase obscura a multimilionária..Tudo aconteceu quando o multimilionário Ted Turner precisou de programas potencialmente populares para as suas estações de televisão por cabo.. Em 1988 compra a World Championship Wrestling (WCW) e rapidamente personagens como Hulk Hogan, Randy Savage, Jim Duggan, Big Bossman e Rick Rude tornam-se os heróis das noites de sábado durante mais de dez anos..Um sucesso que não agradou a Vince McMahon, então dono da World Wrestling Federation (WWF), promotora dos grandes espectáculos WrestleMania, que misturavam torneios de lutadores com combates de boxe (como o de Mohamad Ali contra Antonio Inocki) e actuações de artistas como Alice Cooper e Cindy Lauper. A partir da entrada em cena de Ted Turner, ele e McMahon passaram a inimigos figadais..Se o wrestling foi crescendo em popularidade e facturação, o mesmo aconteceu com Turner: em 2001 funde as suas empresas (já incluindo a CNN) com a AOL Time Warner. Como parte do contrato, teve que vender a WCW, precisamente a Vince McMahon, que a fundiu com a WWF, criando a World Wrestling Entertainment (WWE). Em cinco anos, McMahon multiplicou os sucessos do wrestling: o espectáculo é hoje tão popular que tem presença quase constante nas estações de televisão por cabo e várias revistas especializadas. A WWE é agora uma empresa cotada na bolsa de Nova Iorque, com receitas de 400 milhões de dólares nos últimos doze meses, um lucro de 50 milhões de dólares e uma capitalização de mercado da ordem dos mil milhões de dólares. .Os resultados do último trimestre, superiores em 67% aos de igual período do ano anterior, mostram que a empresa vai de vento em popa, sobretudo no capítulo de merchandising e vendas de DVD..Mas há uma nuvem no horizonte de Vince McMahon. Ted Turner anunciou que vai deixar o conselho de administração da Time Warner na reunião deste, em Abril. Livre do embargo contratual, começou já a especulação sobre o regresso do multimilionário aos ringues da luta livre profissional - e o público espera ansioso pelo combate entre o "bilionário Ted" e "Mr. McMahon Kiss My Ass".