Teatro da Garagem estreia a sua nova casa

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A companhia Teatro da Garagem apresentou ontem a programação de 2006 para o Teatro Taborda, em Lisboa - um espaço que dinamizará nos próximos dois anos na sequência de uma parceria com a Câmara Municipal de Lisboa/ EGEAC (Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural) (ver caixa). O anúncio, feito em conferência de imprensa, contou com a presença de José Amaral Lopes, vereador da Cultura e presidente por inerência daquela estrutura.

O plano de actividades elaborado pelo Teatro da Garagem, que leva já 17 anos de existência, contempla oito criações próprias, mas também o acolhimento de companhias ou directores artísticos convidados.

A abertura do espaço localizado no Bairro da Mouraria a outros grupos é, para Carlos Pessoa, director artístico da companhia, uma questão fundamental. "Devemos colocar o nosso saber e a nossa paixão pela arte teatral ao serviço de outras companhias e de outros criadores, seja por estarem em início de carreira ou tão somente por uma questão de cumplicidade artística", explica o autor e encenador, responsável por grande parte da criação do Teatro da Garagem.

A partilha do edifício é ainda justificada pela necessidade de alterar algumas atitudes reinantes no campo das artes de palco: "Normalmente em teatro achamos sempre que o melhor trabalho é o 'meu'. É legítimo e normal que assim seja - tem de haver paixão e envolvimento -, mas tem de haver igualmente consciência de que não estamos sozinhos", acredita Carlos Pessoa.

A maior parte da programação para o ano em curso fica, ainda assim, a cargo do Teatro da Garagem. Para a estreia da sua nova casa, na próxima quinta-feira, Carlos Pessoa dá ao público a oportunidade de experimentar Ácido, um espectáculo que aborda os problemas da imigração.

Assentando em quatro partes autónomas (Triplex, A Gorda, Polícia de Alfândega e História do Ácido), cada uma obedecendo a um tópico diverso, a peça é uma criação de teatro documental - "abordagem artística de uma temática contemporânea relevante", como explica o encenador.

Neste caso, a escolha incidiu sobre um tema dos mais preocupantes para os cidadãos europeus. "A Europa arrisca-se a morrer aos poucos, fechada sobre si mesma, num contentor de pequenos luxos e privilégios a prazo", escreve o encenador na sinopse do espectáculo. Depois de ter passado por Viseu e Bragança, Ácido vai apelar à reflexão dos lisboetas de 2 a 26 de Março.

No campo das estreias, o Teatro da Garagem vai estar À Procura de Júlio César de 20 de Abril a 21 de Maio, numa investida histórica pelos corredores do Poder; e com Rosa da Mouraria vai sentir os dramas de um bairro típico da capital portuguesa (Junho e Julho). Nas palavras de Maria João Vicente, directora de produção, o espectáculo percorre o "imaginário do fado" e os "dramas amorosos e sociais que se encontram associados a este género musical".

No total, são cinco as estreias projectadas pela companhia ao longo de 2006, em que concretizará ainda projectos que procuram estimular o "teatro como socialização", nomeadamente junto dos mais jovens. Convidadas são as companhias Teatro dos Aloés (Três num Baloiço) e Mala Voadora (Hard 1 e 2), bem como a directora artística Joana Brandão (As 4 Gémeas).

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