Com a ambição de se candidatar a sede de uns Jogos Olímpicos de Inverno e a persistência que leva os eslovacos a desafiarem convenções do passado socialista, as montanhas dos Tatras são uma das derradeiras fronteiras onde a neve e a natureza se conjugam com desporto e divertimento: a preços módicos. Ainda..Jasná compete com os Pirenéus e os Alpes em condições de neve e prática desportiva, mas também em conforto e glamour, um dos pontos de contacto com o requinte do resto da Europa em que a Eslováquia se tem esforçado por se integrar. As contas em coroas, a moeda que deixou de vigorar este mês de Janeiro de 2010, eram até favoráveis a este pedaço de montanha, berço de campeões europeus de snowboard e ponto obrigatório de praticantes de alto nível vindos de outras paragens frias, como a Finlândia ou a Polónia..Com os voos low cost e ligações frequentes com Viena e a capital do país, Bratislava, as cidades que se anicham nos Tatras oferecem ao visitante personagens ricas do folclore contemporâneo, que se cruzam com vizinhos de sempre e visitantes entusiastas da natureza, em ruas a que emprestam um colorido muito próprio de terras e hábitos de montanha..Uma dessas terras, Stefanova, encravada no vale bucólico que partilha com Terchova, parece uma aldeia encantada, de casinhas de madeira e tradições que a ligam à história da mais viva lenda do país. Juraz Janovic, uma espécie de Robin dos Bosques eslavo, tem direito a museu, estátua e outras homenagens mais prosaicas e enraizadas no quotidiano dos seus conterrâneos, como pratos e bebidas que, se não levantam mortos, acordam pela certa os ursos que no tempo quente se passeiam pela região, disputando o encanto aos veados e javalis..O mais interessante é que as pequenas estâncias da região, menos charmosas do que em Jasná ou Vrátna, estão ao alcance de um tour de meia hora de carro e juntas, embora autónomas, compõem uma oferta variada para famílias e entusiastas das descidas em trenó, em rampas montadas em antigas estradas de montanha..A região, que partilha os Tatras (ponto mais alto dos Cárpatos) com a Polónia, está pontilhada de pequenas vilas e cidades de arquitectura e gastronomia preservada, com nomes impronunciáveis como Strbeske Pleso ou Stary Smokovec. E além das delícias dos desportos de neve, tem o atractivo extra dos spas de montanha.Em Poprad, a oferta inclui banhos de imersão a 120 graus... negativos. A experiência, totalmente radical, consiste em tomar um banho (em calções, ou calções e T-shirt, no caso das senhoras) imergindo trinta segundos a 60 graus negativos e, logo de seguida, dois minutos a 120 abaixo de zero. É a grande coqueluche do Aqua City de Propad, um dos melhores hotéis da região, onde se pode também tomar banho ao ar livre em piscinas com água entre os 38 e 48 graus. O complexo foi eleito o melhor resort verde do mundo, porque aproveita a energia térmica das águas e não o gás, uma mais-valia para quem se preocupa com o impacte das suas actividades de lazer na natureza..Tome NotaCOMO IR.De Lisboa para Viena, a Sky Europe voa por 158 euros e da capital austríaca até Propad, a porta de entrada na região dos Tatras, esperam o visitante mais três horas de carro em auto-estrada. A alternativa é o comboio e a troca, em Bratislava, para linhas que servem as cidades do Norte. Até à entrada em vigor do euro, a moeda única europeia valia cerca de 30 coroas e uma refeição custava cerca de oito euros. Do Hotel Grand (em Stary Smokovec e onde se hospedaram figuras como Fidel Castro ou Nancy Sinatra) ao Grand Hotel, de Jasná, as alternativas de alojamento são variadas e rondam os 70 euros por noite.