As alergias, as infecções, a segurança, as vacinas, a nutrição. Um guia para cuidar do recém-nascido, receitas para a família e por aí fora. Mas, mais importante, o que Mehmet Oz e Michael Roizen querem com o novo livro - YOU Como Cuidar do Meu Filho - Guia Completo: do Primeiro Dia à Escola Primária, uma edição Lua de Papel - é ensinar-nos a ser pais inteligentes. Pais que tomam decisões conscientes e que criam um ambiente que proporciona as ferramentas que os bebés e as crianças precisam a nível físico, emocional, social e de desenvolvimento. Um livro sobre saúde infantil. E quem fala em saúde infantil fala das relações entre pais e filhos. Do nascimento até aos 5 anos. Ora espreite....Tipos de pais.Quem pensa que o futuro dos filhos está inscrito nos genes desengane-se. Segundo os autores, as investigações mais recentes indicam que a verdadeira força vital que conduz a criança até ao seu destino tem menos que ver com ADN e mais que ver connosco, com os nossos comportamentos e atitudes: «Mais do que os genes que lhes saíram na rifa, é a forma como os nossos filhos lidam com o ambiente que lhes criámos que influencia o desenvolvimento.» E o desenvolvimento infantil, avança Oz, combina a componente da natureza com a componente da educação. «No entanto, numa rixa, a educação dá cabo da natureza, vira-a de pernas para o ar, dá-lhe palmadas no traseiro e ainda lhe conta umas quantas anedotas sobre a mãe dela.».A relação entre pais e filhos e entre pais e mães e entre familiares, amigos e vizinhos influencia o desenvolvimento e as características dos filhos. Por isso, essas teias relacionais não escapam ao crivo dos médicos americanos. Um exemplo? Já pensou que tipo de pai ou mãe é? Papá babado ou mamã derretida? Mauzona ou mauzão? Hiperpai ou hipermãe? Pais ausentes? Pais deixa-andar? Ou família flexível?.Cada variedade parental tem um conjunto de características dominantes. Entre a permissividade dos primeiros e a tirania dos segundos, claro, todos queremos a autoridade sensata dos terceiros: «Estabelecem regras de fundo com prioridades bem definidas (saúde, segurança, educação) e consequências lógicas de cada acto. A autoridade é exercida num ambiente afável e carinhoso, sendo contrabalançada com flexibilidade, para permitir às crianças brincar e explorar.» Eis a família flexível. .Em princípio, a família flexível é a mais eficaz para ensinar os filhos a desenvolverem competências que lhes permitirão lidar com o mundo. O desafio é gigante, difícil e exige que tenhamos atenção aos sinais que as crianças nos transmitem. Desde que nascem e sempre. Um papel difícil? Sim, mas ser mãe e ser pai é o papel mais desafiante e importante da nossa vida..Bons hábitos.No livro YOU Como Cuidar do Meu Filho, Roizen e Oz falam da genética e da epigenética, da disciplina e da educação, das vacinas e das infecções. Da amamentação, da visão e audição, da alimentação, do crescimento. Também falam dos desejos dos pais e do seu encantamento, dos seus medos, angústias e receios. O mesmo para os filhos. Como todos os livros dos autores, este também foi escrito numa linguagem simples, acessível e divertida e está repleto de exemplos de situações que inquietam a maioria dos pais que querem ajudar os filhos a desenvolver-se de forma inteligente..«Se tivéssemos de definir em poucas palavras o que fazem os pais inteligentes diríamos que eles incutem bons hábitos nos filhos e evitam ou quebram os maus. Tentam ensinar aos filhos que os hábitos positivos lhes proporcionarão boa saúde e felicidade.» E aqui é bom lembrar que o maior exemplo que as crianças seguem na formação dos hábitos são os pais! E é assim que os médicos nos desafiam: «Sejam os líderes. Pode ser complicado controlar a ira quando o vosso filho insiste em colar os macacos do nariz na bolsa da babysitter mas portem-se vocês bem. O que é que isto significa? Ponham-no de castigo. O castigo perfeito funciona do seguinte modo: expliquem à criança que se ela fizer alguma coisa que a proibiram de fazer lhe darão um aviso e contarão até três. Essa contagem dá-lhe a hipótese de deixar de fazer o que está a fazer e corrigir-se. Se alcançarem o três ela vai de castigo para um determinado local da casa. Muitos de nós dão o aviso ao início da contagem. Se o mau comportamento não acabar, devemos dizer claramente: "Pedi-te para não pores a boneca da tua irmã no lava-louças. Esse é o dois." No três começa o castigo. E o castigo pode ser sentá-la numa cadeira sem fazer nada. A ideia é tornar esse sítio aborrecido, onde as crianças não querem ficar. Mantenham-na lá durante um minuto por cada ano que ela tiver - quatro minutos para um miúdo de 4 anos e assim por diante.».Bom gosto.Ter bom gosto é meio caminho para evitar a obesidade infantil - a doença crónica mais frequente nas crianças ocidentais mas que pode ser evitada na maioria dos casos. E embora os adultos possam atribuir as culpas da sua própria obesidade a uma série de problemas - um mau chefe (stress), um mau casamento (mais stress), má sorte ou maus genes -, Oz diz que é muito raro as crianças terem predisposição genética ou problemas médicos que contribuam para a sua obesidade. Mas já não é raro «vermos crianças que só querem comer panadinhos. Ou esparguete. E mais nada. São os esquisitinhos - as crianças que só gostam de comer alguns alimentos e que se recusam a provar outras coisas. É evidente que o grande problema aqui não tem que ver com gostos, mas sim com controlo.» .Para evitar a batalha da comida e outras guerras, os pais devem ensinar a arte do bom gosto desde que os filhos são pequenos. E quem diz bom gosto diz pouco alarido, bons exemplos e escolhas acertadas. .A jornada da vida segundo o Dr. Oz._Antes do nascimento .Escolham um pediatra cujos princípios e valores sejam próximos dos vossos no que respeita à vacinação, medicinas alternativas, tratamento de infecções, etc. Protejam as tomadas eléctricas, preparem a cadeira para o carro, procurem amas ou infantários (para quem tenciona começar a trabalhar após o fim das licenças de maternidade e paternidade) e o quarto do bebé.._Nascimento .Lembrem-se de que as mudanças precoces podem alterar a forma de expressão dos genes (epigenética). Façam escolhas saudáveis desde o início. A mãe deve experimentar dar de mamar e insistir mesmo que lhe pareça difícil. ._3 dias .Com esta idade, os bebés que mamam conseguem distinguir só pelo olfacto o leite da mãe deles do leite das outras mães.._2 semanas .Se o bebé tiver cólicas podem flectir-lhe as pernas pelos joelhos e pelas ancas para lhe aliviarem os gases. Levá-lo a passear de carrinho ou andar de automóvel também ajuda.._1 mês .O vosso filho não fala mas talvez emita «pulsares» através de sinais não verbais para vos transmitir o que necessita. Prestem atenção.._2 meses .Ponha-lhe Beethoven ou Black Eyed Peas. A exposição à música aumenta a velocidade de aprendizagem e de formação da memória. ._4 meses .O contacto físico aumenta a produção de oxitocina (a hormona do bem-estar e da formação dos laços familiares). A partir de agora e mais ou menos até aos 6 meses podem começar a dar-lhe alimentos sólidos. Não tenham pressa e dêem-lhe alimentos muito simples. Comecem com cereais e depois introduzam purés de fruta e de legumes. Muitas massagens, beijinhos e abraços. ._6 meses .O bebé já se senta mas lembrem-se: nada de o pôr em andarilhos. Deixem-no rodeado de brinquedos e reparem no tempo que ele já passa entretido. À noite leiam-lhe. Por mais aborrecido que seja ler-lhe a mesma coisa, acreditem que ele adora.._9 meses .Conservem-lhe os dentes saudáveis: nada de biberões à noite. E já podem dar-lhe de beber num copo para bebés durante o dia. O pediatra verificará se o bebé está preparado para andar, procurando a resposta de pára-quedista - o médico levanta o bebé e vira-o de cabeça para baixo. Os bebés que estão prestes a andar esticam os braços para amparar a queda mas os que não estão deixam-se ir de cabeça. ._1 ano .O bebé já deve reconhecer o seu próprio nome e olhar para os pais quando eles o chamam. Já pega em bocadinhos de cereais (bem como em botões perdidos e insectos mortos) com os dedos e coloca-os na... boca. Quando fizer 12 meses e até aos 2 anos dêem-lhe leite gordo. Os bebés precisam dessa gordura para desenvolver o cérebro.._15 meses .Agarrem-se bem. Por esta altura o bebé já caminha e talvez até já corra. O mundo que ele conhecia - e que os pais conheciam - mudou oficialmente.._18 meses .As crianças aprendem mais com os sinais não-verbais do que com as palavras. A forma como os pais dizem as coisas é tão importante como o conteúdo do discurso. ._2 anos .As capacidades sociais estão no seu auge. A criança adora estar com outras crianças, por isso fazem bem em arranjar-lhe companhia para brincar. ._Dos 3 aos 5 anos .Incutam-lhe boas maneiras. O «por favor» e «obrigado» não se desgastam com o uso. E cuidado, não programem demasiado a criança. Dêem-lhe espaço para descansar e recuperar e para brincar livremente - sobretudo convosco. .Não guardem o melhor para o fim.Quem costuma anotar num post-it as questões e as dúvidas que não pode deixar de perguntar ao pediatra ou ao médico assistente do filho na próxima consulta não deve cometer o erro de deixar essas perguntas para o fim, quando o médico já não tem tempo. Quem o diz é o Dr. Oz: «Comecem as consultas com as grandes perguntas (depois das conversas do costume) para que o médico as tenha em mente enquanto observa a criança. Depois, repitam as respostas ao médico para se certificarem de que entenderam bem as explicações dadas.» Já agora, fiquem a saber que os médicos americanos apresentam uma exaustiva lista de pontos a avaliar para a escolha de um pediatra (ainda durante a gravidez, claro). Entre elas, e além de competência, responsabilidade e simpatia, destaca-se a acessibilidade do consultório, o espaço (há zona de espera para crianças doentes?), o horário das consultas, o tipo de comunicação que estabelece com os pais (sms, e-mail, telefone), o tempo que demora a responder às dúvidas, o hospital onde trabalha, as convenções e os seguros que aceita, etc. Para responder a estas e a outras questões, o melhor é falar com outros pais..De médico a comunicador.Americano, descendente de uma família turca, 51 anos, casado, quatro filhos, Mehmet Oz é o médico mais famoso do mundo. Cirurgião cardíaco de renome - Oz operou muitos corações e salvou muitas vidas, ensinou muitos estudantes de Medicina, formou muitos internos e dirigiu durante muitos anos o Instituto Cardiovascular do Presbyterian Hospital da Universidade de Columbia, em Nova Iorque -, mas foi a televisão que o atirou para o estrelado. Tudo começou com as cinco temporadas de Live Your Best Life (Viva a Sua Melhor Vida), uma rubrica de saúde inserida no programa televisivo The Oprah Winfrey Show, um espaço que o médico usava para esclarecer as grandes inquietações de saúde pública dos americanos e para ensinar a sua prevenção. Obesidade e diabetes, infertilidade e cancro, vacinas e envelhecimento, acesso aos cuidados de saúde e nutrição, e por aí fora. E fê-lo com grande mestria. A chave do sucesso, o que fez e faz a diferença entre Mehmet Oz e outros médicos, é a sua enorme capacidade de comunicar o que sabe. E um apurado sentido de humor..Entre o espaço no programa da Oprah e a criação do seu próprio programa de televisão The Dr. Oz Show (transmitido em Portugal na SIC Mulher) medeiam entrevistas à rádio, televisão, jornais e revistas, a participação em vários programas como convidado de honra e a escrita de vários livros, sobretudo para o grande público (YOU Como Cuidar do Meu Filho - Guia Completo: do Primeiro Dia à Escola Primária é o último e acaba de ser editado em Portugal pela Lua de Papel). .Para a Time Magazine, Mehmet Oz é já uma das cem pessoas mais influentes do mundo. E foi naquela publicação que o médico relatou na primeira pessoa a sua experiência como paciente, depois de se ter submetido a uma colonoscopia durante a qual lhe foram detectados dois pólipos suspeitos que depois foram removidos [ver artigo completo em http://www.time.com/time/specials/packages/article/0,28804,2075133_2075127_2075098,00.html]. Na descrição que faz desde o dia do exame e do «achado» até ao alívio que sentiu após saber os resultados, Oz veste a pele de paciente e põe a si próprio as questões que todos os doentes colocam quando são confrontados com a possibilidade de vir ter um diagnóstico de doença grave. O que não se confirmou.